segunda-feira, 19 de março de 2012

SÃO JOSÉ O SANTO DA FÉ CEARENSE


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O santo católico é reverenciado de forma especial pelos sertanejos cearenses
FOTO: HONÓRIO BARBOSA
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Cenas do cotidiano do santo foram interpretadas por artistas em diversos momentos da história, como no óleo sobre tela de John Everett Kunstner Millais, de 1850, que retrata Jesus na casa de seus pais
FOTO: DIVULGAÇÃO
Hoje, os católicos do Ceará se unem em preces para reverenciar o padroeiro e agradecer pelas chuvas
Patrono da Igreja Católica, pai adotivo de Jesus, operário da madeira, exemplo de chefe de família e de obediência a Deus. Essas são algumas representações de São José no imaginário dos fiéis, cuja simbologia ganha força com a retratação de cenas da vida cotidiana do santo por artistas, nos diversos períodos da história, principalmente no Renascimento e no Barroco.
Mas é justamente no Nordeste e Ceará que a devoção a São José, considerado padroeiro do povo cearense, destaca-se por completar, juntamente com Santa Luzia (festejada no dia 13 de dezembro) e São Sebastião (20 de janeiro), a trilogia dos santos que intercedem junto a Deus para mandar chuva, sinônimo de fartura na mesa dos nordestinos.
Com a quadra chuvosa quase consolidada, hoje, Dia de São José, os agricultores dos quatro cantos do Ceará aproveitam para agradecer, por meio de orações, missas, novenas, festa e com mesa farta.
A popularidade de São José faz com que o santo seja festejado em diversas paróquias da Capital e do Interior, sendo uma das mais representativas a da Paróquia São José de Ribamar, em Aquiraz, primeira capital do Ceará, que celebra desde o dia 9 a festa de seu padroeiro com o tema "Ide a José e fazei o que ele vos disser".
Outra localidade que também celebra São José é a comunidade Baú, em Guaiúba, quando fiéis saem em procissão com a imagem do Santo, que passa o ano na casa de uma família. A escolha é feita por sorteio, servindo para mostrar a relação do Santo com a família, conta o padre Emílio César Porto Cabral, responsável pela paróquia.
Na Capital, logo mais às 8h30, começam as festividades que marcam o encerramento das homenagens ao santo, com a celebração da missas dos Enfermos às 8h30, e a dos Josés, às 10 horas. Os fiéis saem em procissão às 17 horas, finalizando com a concelebração solene presidida por dom José Antonio Aparecido Tosi Marques, arcebispo de Fortaleza.
Homenagens
Ao longo da história, as homenagens a São José ganham conotações diferentes. Em alguns momentos, mais caracterizadas pelas manifestações culturais, marcadas pelas tradicionais promessas que, caso a chuva caísse, o agricultor teria que pagar. Muitas vezes, envolviam sacrifícios físicos como longas caminhadas. Existiam práticas que consistiam em "roubar" a imagem do Santo, devolvido no dia seguinte após o pedido, que podia ser um bom inverno ou um marido justo como o de Maria.
Em Aquiraz, a festa de São José tem caráter especial neste ano, segundo do triênio que antecede o aniversário de 300 anos de instalação da paróquia, comemorado em agosto de 2013, afirma o pároco Antônio Robério Martins de Queiroz, reconhecendo "fervor do povo".
Esperança
Embora a Ciência refute a ligação, o Dia de São José acontece próximo à passagem do Equinócio, dia 22, quando o sol se desloca sobre o Equador. Esta continua sendo a "esperança para o nordestino", destaca o pároco de Aquiraz. Para a meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Mary Sakamoto, "a relação é apenas cultural e nós respeitamos essa visão do homem sertanejo".
Coincidência ou não, esse período do ano é favorável para as chuvas no Estado, devido à posição mais ao Sul da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). "Parte dessa relação tem a ver com isso", reconhece, destacando que a quadra chuvosa deste ano está se confirmando. A irregularidade das chuvas, até o momento, não está sendo boa para a agricultura. No entanto, a segunda quinzena de março é a data limite para a confirmação de um bom inverno no Ceará.
FIQUE POR DENTRO
Religiosidade é usada para evangelizar
Utilizar a devoção a São José, que nessa época do ano, fica bastante acentuada para evangelizar. A proposta é do padre Emílio César Porto Cabral, responsável pela comunidade do Baú, em Guaiúba, localizada na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Com o tema "Como crer se não escutar?", o pároco pretende aproveitar o momento para evangelizar as comunidades do Baú e Itacima, distritos de Guaiúba. A justificativa é de que a "fé vem através da escuta. Não é um hábito ou tradição", exorta. Considera importante a dimensão religiosa e cultural que a festa proporciona. "A religiosidade é típica de nossa cultura e deve ser aproveitada para evangelizar. Prova disso é a tradição que permeia o povo da região, cujas capelas existem há mais de meio século nos dois distritos. No entanto, essa tradição precisa ser canalizada e transformada em fé verdadeira que é comprometida com a justiça.

domingo, 18 de março de 2012

O S TEMPOS MUDAM E COM ELES, AS COISAS E AS PESSOAS

No passado, tudo era natural e legítimo, desde o alimento que comíamos ao produto não perecível. Ah! Quantas saudades sinto do ferro a brasa,

 

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da máquina de costura a pedalar, das meias do meu pai, cinzidas a mão, com um ovo por baixo, do fogão a lenha, do tucum, da lamparina,

 

 

Lamparina

 

da vassoura de palha, da bucha de lavar louças, da cabaça, da cuia de pegar a água, da colher de pau, do pote, do rádio a pilha,

 

 

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do baú, do vestido de pele de ovo, do bordado a mão, do croché, da pasta de dente Kolynos, do sabonete LUX, da bicicleta Monark, da sandália Miss Brasil, do disco de venil, da panela de barro,

 

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da caipirinha, da saia de nesga,

 

 

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das calças bocas de sino,

 

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do sabão Pavão, dos chicletes PLOC!, do cineminha no escuro, do livro de cabeceira, do bambolê, da boneca de pano, dos sapatos Kichutes,

 

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das meias de croché, das quermesses, das tertúlias, do corpinho, da máquina de datilografia, da máquina de calcular, do livro de Admissão, da TV em preto e branco, do colan, das gargantilhas, das blusas de xadrez, do tecido volta ao mundo, do gurgurão, do comprimido mesarin, do arroz com feijão (capitão), do café com farinha, do leite do sizo, do feijão mulatinho, da máquina de tirar retratos com filme, da música do Jerry Adriano e do Wanderley Cardoso, dos dindins, do relógio a pilha, do filtro de barro, da quartinha, dos pratos de ágatas,

 

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do penico, ao invés do sanitário, do refrigerante grapette, dos crediários próprios, dos bifês, das cômodas, das cristaleiras, das trancas nas janelas, dos perfumes Contorreur e men’s club, do laquê, das cartas postadas no correio,das vaquejadas, do brincar nas calçadas, da brilhantina, dos sapatos cavalo de aço, da serenata, das procissões, das rifas, da brincadeira de esconde-esconde, da cintina de palha, da gordura de gado, da radiadora, do cinturão largo, das meias no joelho, da minisaia, dos tremendões, das músicas da jovem guarda, do banho de açude, rio ou lagoa,do cuscuz, cujo milho é pilado no pilão,

 

Moendo o milho

 

da carne não congelada, da  coalhada, do fusquinha, da radiola a pilha, do Mestre Chacrinha, do Científico, do segundo grau, da passagem com o dinheiro na mão, do cheque pre-datado, do cruzeiro, da fotografia em preto e branco, do circo, da apostila de inglês, do comprimido colifebrine, das pedras de vidro, dos maracatus de rua, do palhaço na rua, e muito recentenmente, do AS e do ANS, do sonrisal, da maizena, do leite moça ao leite ninho, das carteiras de cigarros e guaraná Wilson, da carta de ABC, da tabuada e do caderno de desenho, das bilas de gude, dos retratos em monóculo, dos tamancos, dos cordões de ouro, do dente de ouro, das dentaduras, do bule, do cofre de barro, do telegrama, da banca de revista, dos álbuns de figurinhas, das cidades de Uruoca e Itapipoca, das blusinhas de elastec. do sutiãn com esponja, da anágua, da pomada minâncora,

 

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dos chás caseiros, do urucu, da saca de trança, do chapéu de palha, dos canecos d’agua, do fogareiro, do abano, da trempe e do machado, da lenha, do riacho e do açude, do debulhar de milho e feijão,

 

Pequeno agricultor debulhando feijão-de-corda na zona rural de Mossoró

 

do mugir do gado, do cocô das vacas e dos outros bichos, do coaxar das rãs, do peixe fora d’agua, das galinhas e dos porcos, da galinha a cabidela, da buchada, do soninho da tarde e da conversa informal na calçada, do canto da natureza e do brilho natural do sol, da escuridão e do luar, das estrelas no céu, do eclipse, do casamento matutino, do sabão de potaça, do jeremum, da canjica, da paçoca, da tapioca com nata, do caju e da ata, dos pássaros nas gaiolas, dos caças-mosquitos quando detetizavam as casas, das novenas, das festas de Natal e Ano Novo, do cigarro Continental, do Modiss, da penteadeira, do véu da igreja, da água benta, do colar de pérola, do Rock Roll, do Elvis Presley, dos Beatles, da sentinela, das músicas que tinham letras, da Copa do Mundo com Pelé, do Sítio do Pica Pau Amarelo, do lobo mau e dos três porquinhos da novela “As Três Marias”, “Beto Rockfeller”, “Simplesmente Maria”, “Mamãe Dolores”, do atirei o pau no gato, das brincadeira de crianças, da seiva de alfazema e do sabonete alma de flores, da caneta a pena, das roupas passadas no grude, da cueca samba canção, da camisola de cetim, da cajuina e do relógio de corda, do querosene, da vida no sertão, das noites de São João, do passeio de canoa, do parque de diversão, das estradas barrentas do alpendre e do sótão, das histórias de trancoso e da colheita do algodão, da sementinha no chão, gerando nossa alimentação, do coração adolescente, cheio de ternura e pureza, do respeito e da obediência, dos prefeitos perfeitos, da sinceridade e da gratidão, do amor a Deus e da oração, do terço rezado e do Ato de Contrição, do Jejum e da paixão de Cristo, do resguardo e da virgindade, dos bobies

 

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e dos grampos, do blush e da água de cheiro, leite de rosas e água de colônia, do Melhoral e da Penicilina, do Jipe, do cavalo, da Maria Fumaça, das cantigas de roda, do cobra-cega, do dia da mentira, das gírias, dos leilões, da queima do Judas, dos vagalumes, dos besouros voadores guardados em caixinhas de fósforos e amrrados pelas patas, das tanajuras,

 

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das brincadeiras dos Mal-me-quer, das panelinhas de barros, areando as colheres, da tijela e do balde, da bacia e da colher, do cacimbão e da gangorra, da brincadeira de jogar pedras, de pular corda e da melancia, dos bonequinhos feitos da casca da melancia, dos boizinhos feitos com os melõezinhos de cerca, da cerca e da farinhada,

 

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dos jiraus e da cangalha,

 

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dos cinturões de palha, da manteiga da terra, da hóstia consagrada, do catecismo e do creio em Deus Pai, da Salve Rainha e do Pai Nosso, do sarampo e da coqueluche, da catapora e da papeira, da quenga de coco e do pandeiro, da panela de alumínio, da buruaca e dos  sequilhos ou bulins, da menina de trança e das calças de xadrez, da sanfona e do galo no terreiro, da menina-moça e as prendas do lar, da primeira menstruação e do primeiro sutiãn, do respeito aos professores e da aprendizagem da matemática, dos falares matutinos e das cantigas de ninar, do Ave Maria e do requebrar, do pente fino e do aguardente, da cebolinha branca e da casca do jatobá, da cabaça d’gua e do pé de maracujá, da laranja lima e do pé de feijão,  do fogão a lenha,

 

 

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da mandioca e do milho assado na brasa, da pipoca e da rapadura, do melado e da garrafada, da vinha d’alho e do xarope, da garapa de açúcar e do vatapá, das Três Marias, da lua cheia, da água do mar e do banho de chuva, do ensaboar, do coarar a roupa, do aguar as plantas e do chiqueiro dos porcos e das galinhas, do canto do bem-te-vi, da da cumbuca, da cera de carnaúba, do pa-pa-pa, do chicotinho queimado, da peteca e do pega-pega, da cobra no ninho do direito direito de nascer, dos tubinhos e das bermudas, do tecido de algodão, da rede e do tamborim, do catavento e do João Teimoso, da gilette e da jigolé, do dente de alho e da pimenta do reino, das pílulas do mato e do lacto-purga, do papel de embrulhar pão, do carteiro e do bilhete, do ponto de cruz  do tricô, da varanda e da cadeira de balanço, das pastilhas de hortelã e do pano de café, da colherinha de doce, da cocada e do rapé, do palhaço de rua e do bicho de pé, da Teresinha, do Chiquinho e do Mané, Zeca e Beto, da Maria e do Tomé, da Raimunda e do João, do Francisco e do Antônio, da Sebastiana, do Pedro, da Luzia, do Gregório, do Mateus, da menina dos meus olhos, do beijo às escondidas, do dia das Mães, do tra-la-la, do S/N, da freguesia, da budega

 

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e do açougue, da padaria, do vai-e-vem e do triângulo, do paquerar e do assobiar, da Semana Santa e do rezar, do comer e do mingal, da Maria Maluca do cuscuz e do mungunzá, do quebra-queixo e do picolé, do quebranto, do mal-olhado, do olho gordo, da espinha de rosto, do creme fenergan, da muriçoca e do mosquito, do pinto de uma perna só, da pichilinga, dos anzóis, da baladeira e da palmatória, da vitrola e do apito, do ro-co-co-co e do puxa-puxa, da romã romã, do cai –no -poço, do vestido de seda, do vestido de crepe e do balonê, da tarrafa de pescar, da peneira de palha, da coité, do xibé, do fubá, da mostarda e do jenipapo, do jiló, da macaxeira, do chocalho e da buzina, da alvorada e da briga de galo, do papagaio e da rolinha, da casa de farinha, do tostão, da lição, do basculante e do quadriculado, da virgem maria e do até amanhã, do pai de família, do filho único, do cordão de São Francisco, da boda de prata, do filó e do gripim, da grega e do tecido bordado, do guardanapo e do lencinho de bolso, do lenço de cabelo, da pulseira, do anel de ouro, da gente humilde e pacata, das alpargatas, do caminhão, da carroça e do trem, da educação, do rabo de cavalo, das costeletas e das franjinhas nos cabelos, do forró e do pente da vovó, da aspirina, da coristina, do estrume, da parelha de verdura, da jardinera, do macacão,  e  muitos outros que não lembro agora.

No entanto,   não sinto saudades. do meu computador, da televisão colorida, do programa Big Brother Brasil, não me interessa o TABLET,

 

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muito menos o computer. O IPAD mais ainda, os compact discs, CD-Rom, da camisinha de vênus, não sinto falta das taxas bancárias, nem tampouco dos cartões de crédito, dos celulares, da batedeira de bolo, da cafeteira, da comida industrializada, das máquinas eletrônicas, do secador de cabelos, do creme dental de outras marcas, dos sabonetes que não perfumam, da escova inteligente, dos produtos alisadores de cabelos, das escovas de dentes que não sejam as da marca Kolynos, dos shampoos com sal ou sem sal, das manteigas com sal ou sem sal, dos cafés solúveis, dos flocos de milho não pilados, da tapioca com leite moça, do Yogurt, das bebidas lácteas ensacadas, das comidas para micro-ondas, das bebidas aromatizadas, dos chiclés recheados e aditivados com corantes coloridos, das sandálias de material falsificado, dos tennis modernos, da energia elétrica, do telefone fixo e do fax, do ferro elétrico, do e-mail, do CD e do DVD, da passagem eletrônica, das impressoras a laser, das portas automáticas, dos shoppings,

 

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dos Points, dos restaurantes chics, da TV a cabo da Internet, da Academia e da pizzaria, da farmácia de manipulados, das lojinhas de conveniência, da burguesia, dos chás-verde e da fralda descartável, de um dia de princesa, de um banho de loja, de cursos de inglês, da vida de educando, da faculdade e da peleja para estar em um bom espaço de trabalho com garantia e certeza, da cerveja, das histórias sem graças contadas para enganar a inocência das crianças, da reza sem concentração, das diversidades religiosas, do crente e do ladrão, da gente orgulhosa, ignorante e estressada que não sabe mais se comunicar com ninguém, da disputa e da inveja, da competição e do pavor, das doenças e das faltas de crenças, da miséria e do desamor, da falta de criatividade e de organização, da falta de virtude e da corrupção, da falta do estender a mão, do cumprimentar e tirar o chapéu, da cegueira da visão, falta ver as estrelas no céu, só se fala em final de samana, feriados, carnaval, e futebol e ninguém  pensa mais no cristão e nem tampouco na ressurreição, da morte cancerosa, da dengue, das viroses, da AIDS e da gripe suína, da TPM e do HPV, do hossexualismo, da independência feminina, da carteira de motorista, do orkut, do facebook, do hospital da mulher, das comidas do self-service, dos horários de pico, do horário de verão, etc…

 

mudar o mundo

 

“Tudo em nós está em nosso conceito do mundo; modificar o nosso conceito do mundo é modificar o mundo para nós, isto é, é modificar o mundo, pois ele nunca será, para nós, senão o que é para nós (Fernando Pessoa)”.