Há quem diga que a união a dois seja sorte quando esta é duradoura. Aposto como vocês estão pensando que iremos tratar aqui de um simples namoro que durou 38 anos. Não acertaram se pensaram assim. Essa união é alçada pelo matrimônio. Aos 19 de abril de 1975, casaram-se na igreja da marinha a Senhora Florência Batista Carneiro com seu primo legítimo o Senhor Francisco Florêncio Batista. Depois de casada, ela modificou seu nome para Florência Carneiro Batista. Ele é sobrinho de sua mãe, filho de um irmão da sua mãe. Ela tinha apenas 17 anos e ele 22. Eram muito jovens, mas não sabiam que desafios se aproximavam deles. Ela, grávida pela primeira vez, teve que ser mãe sem instrução alguma e ele teve que ser pai sem saber que teria que ter novas obrigações. Fora promovido no emprego e passou a ter um salário mais rendoso para poder comprar o leite da filhinha que se chamava Adriana. Adriana sobreviveu até os oito meses de vida. Foi um sonho que passou pelo casal e uma doce ilusão de que aquilo aconteceu e ainda iria voltar a acontecer. Segundo sua mãe, certa noite, depois de sua morte, a viu caminhando no cemitério, pedindo socorro. Triste esta história, não? A mãe da Senhora Florência falece tempos depois, em curto tempo ela decide deixar sua família, vitimada de uma consequência de uma cirurgia de tireóide no hospital Nossa Senhora das Graças no bairro Pirambu em Fortaleza. Isso fica próximo a Av. Leste Oeste. Nessa época, todos moravam em Jacarecanga, na vila São José do já falecido Filomeno Gomes. Ela fica em prantos, chorava ela e chorava dentro de si um outro bebê que ali estava gerado dentro do seu útero por 6 meses.
A partir daí, muda-se o rumo da história do casal. Mudaram-se os irmãos, as coisas foram divididas, o pai vivia no mundo e decidiu não voltar mais para o seio da família. Restou ao casal pôr uma pedra sobre sua história triste e morar em outra casa e renovar a vida a dois mais um que estaria por vir. Foram morar em Parangaba, hoje, Maraponga.
Foi exatamente na Maraponga, que nasceu Andréia a segunda filha do casal. Andréia veio para substituir a falta que Adriana fazia aos dois. No entanto, Adriana era sentida como insubstituível, pois Andréia não chegou igual a ela em nada. Hoje Andréia já está com seus 35 aninhos de idade, é mãe solteira e deu ao casal dois lindos netinhos. O primeiro deles chama-se André e o segundo, João Lucas. André está com 10 anos e João Lucas com um aninho e 8 meses de idade. Muito bem, continuando esta história de amor e de sofrimento, a paz enraizou na família do casal com a chegada de Andréia ao seio familiar. Contudo, essa paz foi intensificada com a chegada de mais dois filhos do casal. O primeiro chama-se Francisco Florêncio Batista Júnior (primeiro rebento a levar o nome do pai), hoje com seus 31 aninhos e o último, Anderson Florêncio Batista, recebendo seu primeiro nome em alusão a combinar com o nome de sua irmã Andréia. Ambos nasceram de partos semelhantes e tem comportamentos também semelhantes. Hoje, Anderson tem seus 26 aninhos. No limiar desses acontecimentos tão felizes que é a maternidade, cuja prática traz realizações na vida da mulher, o Senhor dessa história é vítima de dois AVCs e as coisas tristes são reatadas na família. Tudo é suportável até afastar a ideía ou sentimento de morte na família. Deus foi generoso para com esta família e deu ao homem recuperação imediata. O casal sarou, digo sarou, porque quando um adoece o outro também fica doente. Florência perdeu mais de 10 quilos por preocupação até aposentá-lo. Seu filho Júnior decide partir do seio familiar e enfrentar dois anos de missão pela igreja dos mormons no Rio Grande do Sul. Outras preocupações foram chegando e o casal foi suportando. Florência se alegrou com a volta do filho, mas este logo de imediato resolve se casar e viver fora do lar que habitavam seus pais e seus dois irmãos e o primeiro sobrinho nascido.
Florência sempre gostou de estudar. Seu intuito era o de ser professora. Nesse ínterim, já havia terminado duas graduações em Letras-Português/Inglês, com plenificação em Espanhol pela Universidade Estadual do Ceará. Realizou o sonho de seu pai (já falecido depois de casado com Socorro Macal-2ª família). Florência nunca deixou de ser mãe, esposa, avó, amante, amada e amiga da família. Sempre tentou conquistar seu profissionalismo fora de casa, sem abandonar os laços familiares e as responsabilidades que lhe convinham. Nunca conseguiu em 38 anos mudar-se ou mudar seu companheiro em relação à personalidade de ambos. Ela era muito comunicativa e ele muito na dele. Ás vezes, os dois se atritavam por essas diferenças, mas tudo foi suportável e tolerável. A compreensão dos fatos nos levam a pensar o quanto o AMOR tem seus revéses e tem suas caras-metades. Se por um lado a Senhora Florência não conseguia modificar o comportamento incomunicável do seu cônjuge, por outro lado, O Senhor Florêncio não conseguia aturar a comunicação exagerada de sua esposa. Ambos viviam em contraste e os contrários se atraem. Daí dizermos que um era a cara-metade do outro. Um não brigava, sem que o outro topasse revidar. As desarmonias eram passageiras e contornadas em tempo rápido. Vieram muitos sufocos de falta de dinheiro no período marcado por insconstantes passagens de idas e voltas à profissão de comerciário, tempo em que os filhos eram pequenos. Ela aceitava passar pelo sufoco em silêncio e se conformava com a precariedade e não se queixava de ter que comer ovos toda semana e nem sentia vergonha do que estava passando. Conformava a si própria e conformava os filhos. Pensava que dores maiores já haviam passado por ela. Ouvindo músicas estrangeiras e fazendo croché ou costurando para ganhar um dinheirinho extra, tudo isso fazia parte de sua terapia, até que decidiu voltar à escola e recomeçar tudo novamente para ser o que hoje é, Professora de língua estrangeira. Foi difícl chegar a ser professora, pois teve que convencer seu marido que não pretendia se formar para traí-lo como havia pensado. Ciumento, seu marido teve muitos atritos quando viu a esposa voltando aos bancos escolares. Hoje, ele já se convenceu de que a profissão da esposa lhe ajudou bastante nas despesas da casa.
Dizem que não se vive só de amor. É verdade. Vive-se também por amor e foi por amor que souberam conduzir seus problemas familiares. Alavancaram os ânimos e a vontade de vencer. Ela suou blusas e mais blusas, dando aulas como professora temporária no Estado e melhoraram a residência onde moram por mais de 33 anos, situada no Conjunto Ceará. Nesta residência nasceram seus dois filhos homens e os netos da filha Andréia. Incrível como gostamos de ser românticos quando falamos de boas memórias. Esta casa representou o paraíso, pois as memórias registradas nela trazem lembranças da felicidade de cada menino que nasceu nela. Os filhos foram os troféus da vida desse casal. Sempre viveram em função deles. Ela viveu e ainda vive em função do esposo e dos filhos e esquece do seu eu. Ela começa a envelhecer e quem lhe diz isso não é o espelho, e sim, as doenças que vão chegando com o peso da idade. Os hormônios desapareceram e junta com eles, também a vontade de namorar, de ir para a cama fazer amor. Permanece viva nela a vontade de ser útil na formação do indivíduo na educação. Isso faz sentido maior que a transa sexual. Contudo, isso não impede que o amor continue de outra maneira da parte dela. Amar é se preocupar com o outro, é se alegrar pela paz do lar, é não deixar que a família passe necessidade e viva seu apoio moral e financeiro. O Amor é infinito e cheio de tantas configurações que o que era sexo, sepultou-se na banalidade e o que hoje são só carinho, acendeu a chama do respeito e da vontade do querer bem maior.
Mas afinal de contas, onde está o segredo de uma união de 38 anos? Está no tamanho da felicidade adquirida em meio aos destroços provocados pela indignação da própria sorte ou destino. União não se conquista, vivencia-se. União não se faz da noite para o dia, planta-se sementinhas e aprende-se a colhê-las grão por grão. União é uma arte que não contempla cursos e nem programação, nem tampouco se planeja, obtém-se com muito custo, em horas imprevisíveis. Não tem hora e nem dias da semana para que ela aconteça. Éla pode vir de várias maneiras em diferentes aspectos, ela pode vir alegre e companheira, pode vir e pode voltar, depende da circunstância que se assiste. O casal teve muitos problemas interpessoais, de relacionamento sexual e de companheirismo, mas jamais se deixaram abater por isso e se desfizeram do enlace matrimonial. Acredita-se que o AMOR quando vem para ficar, vence todas as barreiras e perpassa todos os obstáculos de uma construção armada por Deus. Então o segredo da união de 38 anos está no alicerce do primeiro olhar, do primeiro beijo, do primeiro tudo. Sem desculpas alguma, digo-lhes que a UNIÃO pode até rimar com separação, mas a união desse casal rima mesmo é com o coração.
E quem quiser uma boa dica para manter viva e acesa a chama do amor, mesmo depois de seus 50 anos de vida, tempo em que o corpo feminino e masculino se destransformam, mudando o grau de humor e suas vontades de sexo, é só continuar abraçando o maridinho, dando-lhe beijinhos, buscando sempre o contato com seu corpo, procurando saber como foi seu dia, que remédios deixou de tomar por esquecimento, que filmes assistiu, deixe-o brincar, deixe-o incomunicável, aceite-o com seus vícios, conjugue com ele os mesmos ideais e planejamentos de vida. Sonhe junto com ele os sonhos mais lindos, viva como se fosse o primeiro dia de namoro com a mesma emoção. Não traga jamais estresse procedente do trabalho, articule com ele somente assuntos bons e não desagradáveis. Converse com ele, mesmo sabendo que não será recíproca sua atitude. Invente um passeio a dois, viajem com direito a curtição e voltar contando histórias de aventuras para os filhos. Curta seus netos e os filhos. Curta os parentes e toda família. Tudo isso reflete na consistência da união. Vive-se não mais a dois, pois a família cerca o casal, principalmente quando se preocupam com tão tenra idade e as mazelas que o corpo arrasta. Por vezes, pensamos que o casal não vive mais a dois, mais vive. Ele vive a dois quando decide aventurar-se pelo mundo afora atraídos por uma bela viagem. Ás vezes, essa viagem pode trazer efeitos gigantescos no que se refere a mudanças de hábitos e o reinício da vida sexual de maneira sutil e delicada.
Por fim, segredos de uma união estão na história do seu passado, estão presentes no seu presente e estão presentes no seu futuro. É uma aliança com Deus. Não se engane, sexo isolado não vira amor. Sexo é somente o complemento do amor. A união integra vários elementos abstratos como tolerância, aceitação dos defeitos do parceiro, companheirismo, compartilhamento das dores, a vigília na hora das doenças, a psicologia de trazer para o outro conselhos para elevar a baixa-estima, atitudes de carinho e de compreensão em meio a uma pequena discussão e incompatibilidade de gênios. Enfim, o maior segredo da União de 38 anos está na presença de Deus entre o casal. Estabeleceu-se que Deus projetou aquele casal para passar por todas as catástrofes e devaneios para que se incorpore a aprovação. É pela e na aprovação de Deus que as bênçãos são enviadas para que correntes positivas não permitam que pereçamos diante dos infortúnios causados pelas nossas dores e mazelas instituídas pelas circunstâncias do mal que o mundo nos prega. Deus está acima de tudo e é ele quem ajuda o casal a manter firme sua relação a dois dentro do seio familiar. Aprenda a lição e pratique. Viva você também uma vida a dois prolongada e cheia de felicidades.É o que desejamos aos leitores desse blog. Abraços e fiquem com Deus.
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