Você quer que seu carro tenha vida útil de muitos anos sem sofrer muitos desgastes? Se sua reposta for sim, veja abaixo esses maus hábitos e reconheça se você pratica alguns deles. Hoje, mesmo, você vai aprender a lição e saber o que pode ou não fazer para que seu carro tenha mais vida útil. Você quer ter tranquilidade para fazer uma viagem em paz? Nunca deixe de monitorar os eu carro. Aqui vão algumas dicas para que você faça uma viagem sempre feliz com retorno feliz.
E mais....
e muito mais...
Um carro de passeio é projetado para
resistir a condições adversas, como calor, frio, cargas pesadas e
longas distâncias. Mas alguns maus hábitos diários simplesmente reduzem a
vida útil do conjunto. Ainda por cima, fazem você gastar dinheiro
desnecessariamente com revisões e consumo extra
de combustível.
Alguns
cuidados devem ser tomados para evitar perdas, mesmo se o carro não
estiver em uso. De acordo com André Bueno, professor do curso de
Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Ceará (UFC), girar o
volante com o carro parado pode causar folgas na direção e desgaste nos
pneus. “Na mesma situação, também não se deve acionar os freios, pois
pisar no pedal com o carro parado afeta a câmara de vácuo do sistema, o
que se reflete no aumento do consumo de combustível”, explica.
Ainda
estacionado, o carro deve estar com todas as rodas no mesmo nível. Ou
seja, nada de subir a calçada nem deixar o pneu apoiado no meio-fio. “É
um hábito muito comum e que pode inclusive render uma multa. É melhor
rodar um pouco mais e encontrar um lugar melhor para estacionar, pois o
peso do caso sobre as rodas desalinhadas força as estruturas do pneu e
abrevia o tempo de uso, além de alterar a suspensão e o monobloco”,
aponta Hamilton Cavalcante, gerente da Gerardo Bastos.
Vale
lembrar que estacionar o carro em uma sombra, além de proporcionar maior
conforto para os passageiros, preserva a pintura do automóvel. Outro
benefício é a redução do consumo de combustível, na medida em que o ar
condicionado é menos sobrecarregado para reduzir a temperatura interna.
Hora de ligar
Após
dar a partida, espere que todas as luzes do painel acendam e apaguem,
indicando que o sistema reconheceu bem todos os comandos do veículo e a
bomba de combustível foi ativada corretamente. “O carro faz uma espécie
de checklist para certificar o funcionamento de vários itens. Ligá-lo de
qualquer jeito, principalmente logo pela manhã, pode desgastar a
bateria. É por este mesmo motivo que não se deve ligar o ar condicionado
ou o som antes desse procedimento”, afirma Paulinho de Carvalho, chefe
de oficina da Beto’s Car.
TOME JEITO
Melhor não fazer
1. PENDURAR MUITAS CHAVES NO CHAVEIRO DO CARRO
O peso extra pode causar folga no cilindro da chave e prejudicar a ignição
2. INSTALAR BAGAGEIROS NO TETO
Eles prejudicam a aerodinâmica e aumentam o consumo de combustível
3. RODAR COM OS VIDROS ABERTOS EM ESTRADAS
Em velocidades superiores a 70 km/h, o vento entra pelas janelas e segura o veículo no chão, o que exige mais do motor
4. APOIAR O PÉ NO PEDAL DA EMBREAGEM ENQUANTO DIRIGE
A pressão exercida no conjunto mecânico, mesmo pequena, acelera o desgaste do disco, molas e rolamentos em até 40%. Apoiar o pé no pedal da embreagem para descansar ou deixar acionado
durante o semáforo fechado, colabora para o desgaste do seu carro.
5. APOIAR A MÃO NO CÂMBIO
O peso faz os garfos de câmbio perderem a forma, tornando os engates cada vez piores. A falta da manutenção preventiva e a forma como o motorista conduz o veículo pode desgastar mais rápido as peças e gerar manutenção precoce do automóvel. Tal hábito acaba por forçar o trambulador, peça fundamental na ligação entre o câmbio e as engrenagens da transmissão, desgastando seus terminais.
6. DESLIGAR O CARRO COM SOM E AR LIGADOS
Quando ligar novamente, o motor vai dar um “tranco”, o que aumenta o consumo de combustível
7. ANDAR COM O TANQUE NA RESERVA
Quando
o nível de combustível fica muito baixo, a bomba trabalha com menos
lubrificação e maior temperatura, o que prejudica a sua vida útil. Ao andar com o combustível na reserva, a troca de calor necessária entre o combustível e o motor elétrico não ocorre e ocasiona superaquecimentos frequentes.
8. ANDAR DESENGRENADO EM DESCIDAS
Andar “na banguela” gera desgaste excessivo nas pastilhas e discos de freio. O correto é utilizar o freio a motor
9. ACELERAR FORTE LOGO QUE O MOTOR PEGA
O lubrificante ainda não teve tempo de banhar as peças, o que causa atrito entre elas
10. FAZER A TROCA DE MARCHA ANTES DA HORA
Dirigir com o giro do motor baixo faz o carro gastar mais gasolina e ainda pode quebrar o disco de engrenagem
11. Verificar o nível do fluído dos freios é um hábito pouco praticado pelos motoristas, mas que deveria fazer parte da rotina.
12.Ao substituir os pneus, tenha certeza que eles são do tipo e tamanho corretos para seu veículo. Verifique maiores detalhes no seu manual.
13.A pressão baixa dos pneus aumenta a resistência no deslocamento do veículo e, consequentemente, o consumo de combustível, além de desgastar os pneus.
14. O cuidado do carro passa, não só pela revisão e direção defensiva do condutor, mas também, por algumas boas práticas que evitam o desgaste precoce.
15. As pastilhas de freios estão entre os itens que se desgastam com maior facilidade.
16. O sistema de freios é um item de segurança do veículo. Ele é formado por componentes de fricção e de sistema hidráulico.
17. Dirigir com o braço fora da janela do carro o risco de não conseguir fazer manobra reduz as chances de segurança do condutor e do veículo.
18. Deixar de fazer a manutenção do seu carro aumenta cada vez mais o consumo.
19. Passar o carro no quebra-molas, atravessando uma roda só por vez, provoca desgaste na suspensão. E por falar em suspensão, leia as informações sobre esse assunto:
20. Conduzir o carro em ponto morto em longas descidas prejudica seu carro.
FONTES: André Bueno (UFC)/ Hamilton Cavalcante (Gerardo Bastos)/ Paulinho de Carvalho (Beto’s Car)l
quarta-feira, 26 de novembro de 2014
sábado, 22 de novembro de 2014
Morre Seu Lunga, o Rei do Mau Humor
Joaquim dos Santos Rodrigues, conhecido como "Seu Lunga", morreu às 9h30
da manhã deste sábado, 22, na cidade de Barbalha, no Interior do Ceará.
Seu Lunga foi internado na última quarta-feira, 19, por complicações no
sistema digestivo. O quadro piorou na sexta-feira, levando ao
falecimento do poeta.
Seu Lunga tinha 87 anos e estava internado no Hospital São Vicente de Paulo, em Barbalha, onde tratava de um câncer de esôfago.
De acordo com Demontier Tenório, primo em segundo grau do sucateiro, há cerca de seis meses ele foi submetido a uma cirurgia no esôfago, mas se recuperava bem.
A previsão é que o corpo seja velado na Capela de São Vicente, em Juazeiro no Norte, próximo à sua residência. O sepultamento deve ocorrer no Cemitério do Socorro. Os horários ainda não estão definidos.
Seu Lunga era um poeta, vendedor de sucata e repentista do Juazeiro do Norte, que ganhou notoriedade pelo seu temperamento forte, tornando-se um personagem do folclore nordestino. Seu apelido veio de uma vizinha que lhe chamava de Calunga, devido a sua loja. Com os passar dos anos ficou apenas Lunga.
Há quem diga que esse senhor ficou muito afamado lá pras bandas do Juazeiro por suas frases curtas e grossas. A Maioria das pessoas tem um tipo de inteligência diferente da do Seu Lunga. Seu Lunga é muito realista e peita as pessoas com suas desenfreadas frases feitas que vão de encontro a uma realidade de pensamento interessante. Se você pensar bem nas respostas dadas imperativamente, descobrirá que Seu Lunga sempre esteve com a razão. Daí dizermos que é bom pensar antes de falar. Para quem é curto e grosso e não tem paciência ou tolerância de escutar conversa com muito tró-ló-ló, sempre terá a carranca e as respostas curtas e grossas do Seu Lunga e ache ruim quem quiser porque ele nasceu assim e morreu assim. Isso é próprio da sua personalidade e temos que respeitar. Seu Lunga não era famoso apenas em Juazeiro. Sua fama se estendeu a todos os lugares do Brasil, principalmente, no Ceará. Nas redes sociais, ele ganhou mais destaque. Todos queremos ser um pouco do Seu Lunga. Então Seu Lunga deu lugar até mesmo para os jovens. Hoje, vê-se rapazes e moças que tem o mesmo comportamento do Seu Lunga. Abaixo, temos umas amostras destacadas das redes sociais que marcam a presença do uso constante do mau humor do Seu Lunga.
Seu Lunga tinha 87 anos e estava internado no Hospital São Vicente de Paulo, em Barbalha, onde tratava de um câncer de esôfago.
De acordo com Demontier Tenório, primo em segundo grau do sucateiro, há cerca de seis meses ele foi submetido a uma cirurgia no esôfago, mas se recuperava bem.
A previsão é que o corpo seja velado na Capela de São Vicente, em Juazeiro no Norte, próximo à sua residência. O sepultamento deve ocorrer no Cemitério do Socorro. Os horários ainda não estão definidos.
Seu Lunga era um poeta, vendedor de sucata e repentista do Juazeiro do Norte, que ganhou notoriedade pelo seu temperamento forte, tornando-se um personagem do folclore nordestino. Seu apelido veio de uma vizinha que lhe chamava de Calunga, devido a sua loja. Com os passar dos anos ficou apenas Lunga.
Há quem diga que esse senhor ficou muito afamado lá pras bandas do Juazeiro por suas frases curtas e grossas. A Maioria das pessoas tem um tipo de inteligência diferente da do Seu Lunga. Seu Lunga é muito realista e peita as pessoas com suas desenfreadas frases feitas que vão de encontro a uma realidade de pensamento interessante. Se você pensar bem nas respostas dadas imperativamente, descobrirá que Seu Lunga sempre esteve com a razão. Daí dizermos que é bom pensar antes de falar. Para quem é curto e grosso e não tem paciência ou tolerância de escutar conversa com muito tró-ló-ló, sempre terá a carranca e as respostas curtas e grossas do Seu Lunga e ache ruim quem quiser porque ele nasceu assim e morreu assim. Isso é próprio da sua personalidade e temos que respeitar. Seu Lunga não era famoso apenas em Juazeiro. Sua fama se estendeu a todos os lugares do Brasil, principalmente, no Ceará. Nas redes sociais, ele ganhou mais destaque. Todos queremos ser um pouco do Seu Lunga. Então Seu Lunga deu lugar até mesmo para os jovens. Hoje, vê-se rapazes e moças que tem o mesmo comportamento do Seu Lunga. Abaixo, temos umas amostras destacadas das redes sociais que marcam a presença do uso constante do mau humor do Seu Lunga.
E os causos do Seu Lunga são produções que tem origem no seu passado. Isso fazia parte do seu próprio SER. Criaturinha ignorante, pasmem! Mas, afinal, o que é ser ignorante? Ignorante é aquele que não se apropria do conhecimento. A inversão aconteceu. Seu Lunga era o mestre portador de uma sabedoria popular que lhe era nata. Bastasse que se buscasse entendimento em suas palavras para poder obter a certeza e a verdade dos significados que ele impunha em suas frases.
Perguntas bobas e bestas, tolerância ZERO. Quem é que suporta perguntas mal formuladas? Por isso, é melhor pensar antes de perguntar. Seu Lunga não gastava saliva e nem vocabulário em vão. Era homem que se dava valor. Comunicava-se de uma forma precisa e não lhe demorava a processar suas respostas. Doesse em quem doesse, ele era ríspido e preciso.
Agora, acabo de recordar uma das deles. "Seu Lunga estava carregando um balde de leite ao ombro e seu vizinho, admirado, lhe dirige a seguinte pergunta: "_Vai tomar um leitinho, Seu Lunga?" E ele, muito sábio em suas palavras, responde "_Não, vou lavar a calçada." Essas e tantas outras nos tornam seres mais alegres e divertidos porque a função das respostas ignorantes do Seu Lunga teve esse aspecto: o de fazer as pessoas rirem. Ele era um humorista com seu grande mal humor. Vamos ver logo abaixo mais piadas do Seu Lunga.
- Seu Lunga estava em sua casa, com sede. E manda seu sobrinho lhe trazer um pouco de leite. Daí o pobre do garoto pergunta: “No copo?” “Não. Bota no chão e vem empurrando com o rodo”.
- Seu Lunga estava no mercado com uma caixa de ovos. Daí perguntaram a ele: “Comprando ovos seu Lunga?” E ele responde: “Não, jogando um por um no chão. É traque de massa”. E joga os ovos no chão.
- Seu Lunga estava passeando na calçada com o cachorrinho. E lhe perguntam: “passeando com o cachorrinho, seu Lunga?” E Seu Lunga respondeu. “Não. É meu passarinho”, pegando o pobre poodle pela coleira e o fazendo voar.
- Seu Lunga vai saindo da farmácia, quando alguém pergunta: “Tá doente, seu Lunga”? E ele responde: “Quer dizer que se eu fosse saindo do cemitério eu tava morto?”
- O funcionário do banco veio avisar: “Seu Lunga, a promissória venceu”. E ele respondeu: “Meu filho, pra mim podia ter perdido ou empatado. Não torço por nenhuma promissória”.
- Um rapaz entrou em sua loja e disse: “Seu Lunga, tem pregos tamanho pequeno?”. E ele respondeu: “Tá aí no meio”, aponta para a caixa. E o rapaz procura, procura e não acha. Seu lunga resolve procurar e acha o prego tamanho pequeno. E o rapaz diz: “Obrigado”. E ele responde: “Nada disso. Agora você vai ter que procurar”, e devolve o prego à caixa.
Redação O POVO Online
- Seu Lunga estava em sua casa, com sede. E manda seu sobrinho lhe trazer um pouco de leite. Daí o pobre do garoto pergunta: “No copo?” “Não. Bota no chão e vem empurrando com o rodo”.
- Seu Lunga estava no mercado com uma caixa de ovos. Daí perguntaram a ele: “Comprando ovos seu Lunga?” E ele responde: “Não, jogando um por um no chão. É traque de massa”. E joga os ovos no chão.
- Seu Lunga estava passeando na calçada com o cachorrinho. E lhe perguntam: “passeando com o cachorrinho, seu Lunga?” E Seu Lunga respondeu. “Não. É meu passarinho”, pegando o pobre poodle pela coleira e o fazendo voar.
- Seu Lunga vai saindo da farmácia, quando alguém pergunta: “Tá doente, seu Lunga”? E ele responde: “Quer dizer que se eu fosse saindo do cemitério eu tava morto?”
- O funcionário do banco veio avisar: “Seu Lunga, a promissória venceu”. E ele respondeu: “Meu filho, pra mim podia ter perdido ou empatado. Não torço por nenhuma promissória”.
- Um rapaz entrou em sua loja e disse: “Seu Lunga, tem pregos tamanho pequeno?”. E ele respondeu: “Tá aí no meio”, aponta para a caixa. E o rapaz procura, procura e não acha. Seu lunga resolve procurar e acha o prego tamanho pequeno. E o rapaz diz: “Obrigado”. E ele responde: “Nada disso. Agora você vai ter que procurar”, e devolve o prego à caixa.
Redação O POVO Online
Mas o Seu Lunga não era o que pensávamos não. Seu Lunga, também, compartilhava conosco um comportamento de uma pessoa mansa e branda. Vejam ele participando de uma entrevista com o Jornal O POVO:
O POVO - Boa tarde, seu Lunga. Como vai?
Seu Lunga - Pois não.
OP - Somos do jornal O POVO, de Fortaleza. Podemos conversar com o senhor? São só algumas perguntas...
Seu Lunga - Às vezes, muita gente vem com umas perguntas, umas conversas tão bestas aqui. Que prejudica a gente.
OP - Que tipo de conversa besta o pessoal tem com o senhor?
Seu Lunga - Olha, muita gente chega aqui (no comércio) e diz: “Isso aqui é para vender?”. É pergunta besta. Aí querem que eu dê uma resposta grosseira. Isso faz mal à gente. Você está ocupado e o camarada chega perguntando bobagem...
OP - Mas a nossa intenção não é essa, não...
Seu Lunga - Tem um camarada aqui, que se vocês forem lá ele dá uma entrevista bacana. O nome dele é Geraldo Menezes. Ele é um professor, um dentista...
OP - A nossa intenção é conhecer um pouco mais sobre o senhor, seu Lunga. O senhor é nascido onde, em qual município?
Seu Lunga - Eu nasci aqui mesmo (Juazeiro do Norte).
OP - Qual a idade do senhor?
Seu Lunga - Completei 81 anos. Já estou dentro do 82. Nasci em 1927, no dia 18 de agosto.
OP - O senhor está muito bem...
Seu Lunga - É. Pra quem já tem 81...
OP - O senhor já trabalhou com o que, além de vender (tem uma loja no Centro de Juazeiro que vende de tudo)?
Seu Lunga - Eu nasci aqui, mas passei uns tempos morando no município de Assaré. Fui para lá menino. Tinha 20 anos. Minha origem de eu ter vindo para cá foi uma queda... Lá nós criávamos todo tipo de bicho: porco, carneiro, galinha, cavalo, burro, boi e vaca. Agora, sempre que era no fim das águas (época de seca), a lagoa de lá secava. A gente cavava um buraco para dar água aos bichos. Então eu escapolí da boca do buraco com 23 metros de fundura. Se eu tivesse caído de ponta, assim, tinha quebrado o pescoço. Mas eu caí de chapa (inteiro) no buraco. Porque a cacimba era com madeira, na boca. Aí escorreguei... Quando escorreguei, o corpo deu um balanço assim (mostra com as mãos o movimento do corpo) e caí de chapa.
OP - Aí o senhor veio a Juazeiro para se tratar?
Seu Lunga - Eu vim para me tratar. Vim com meu pai. Depois, eu fiquei e meu pai voltou. Fiquei trabalhando numa oficina de ourives. Passei uns tempos nessa oficina.
OP - Quanto tempo?
Seu Lunga - Eu vim para cá em 1947 já para 48. Passei até 1950 trabalhando de ourives. Olha aqui esse anel (mostra o anel no anelar da mão direita), fui eu que fiz. É de rubi. Aí, comecei a negociar cereais. Meu pai trouxe uma tia minha e uma irmã para ficar comigo. Fiquei numa casa lá no caminho do Horto. Aí entendi de me casar, me casei, e minha irmã voltou para lá com minha tia. E eu fiquei, negociando aqui no mercado. Passei uns anos negociando. Depois comprei um motor aqui na rua São Paulo. Naquele época não tinha energia elétrica. Aí comprei as máquinas com o motor. Eu pilava arroz, torrava café, vendia massa de milho, a palha do milho, do arroz... Em 1960, comprei esses dois prédios aqui (onde funciona sua oficina) e queria continuar, mas na época teve uma lero-lero (burocracia) danado. E eu não quis. Então, botei a oficina lá atrás e um camarada consertando televisão, rádio. Agora, de uns tempos desses para cá as coisas “fracaram” e tô só com essa bagaceira de coisas aqui.
OP - Por que as pessoas gostam de brincar com o senhor sobre sua zanga?
Seu Lunga - Olhe, nós estamos num Brasil sem moral. Num Brasil sem respeito. Num Brasil sem Justiça. Porque tem um senhor aqui que escreve uns folhetozinhos (cordel) falando da minha pessoa. Dizendo o que eu não sou, inventando histórias, inventando isso e aqui outro, dizendo que sou o homem mais ignorante do mundo. Mais zangado do mundo. E fica inventando cada vez mais histórias. E o povo compra esses folhetos.
OP - E o senhor fica chateado com isso? Essa fama incomoda?
Seu Lunga - Claro. Todo mundo fica. Você fica satisfeito com o cabra te chamando de fresco? De ladrão? Maconheiro? Sem vergonha? Então, eu não gosto dessa fama.
OP - O senhor se considera um homem feliz depois de tanto tempo aqui em Juazeiro?
Seu Lunga - A pessoa feliz é da pessoa. Agora, tem gente... Chegou aqui um povo vindo de Minas. O rapaz me perguntou: “Seu Lunga, por que o povo lhe chama de ignorante?”. Eu olhei pra ele e disse: “Rapaz, eu acho que o povo me chama de ignorante porque sei ler, sei escrever, sei as operações de conta. Aí, de minha teoria, eu criei um bocado de poesias...”
OP - O senhor faz poesias?
Seu Lunga - Não, eu não faço. Agora, eu faço um discurso, eu crio um discurso da criatura que morre, que deixa a vida material para a vida espiritual, fazendo uma despedida da vida eterna.
OP - Como é isso? Recite umas para a gente, só um trecho.
Seu Lunga - Assim: “Meu amigos, eis aqui o destino / Nós estamos aqui reunidos, assistindo a separação dessa criatura que vai deixando a vida material para a vida espiritual / Nós aqui com o coração cheio de dor, de lembrança e de recordação / Dos dias felizes que nós passamos aqui na terra, junto a esta criatura e hoje ele dá um Adeus deixando a recordação a seus irmãos, a seus filhos, a seus amigos, a seus parentes / Nós, aqui tristes, sentindo essa separação, mas lá está Jesus, de braços abertos, esperando a sua chegada com seus familiares / Pai, irmão, tio e mãe estão lá comemorando a sua chegada e nós, aqui, com o coração transportado de tristeza, de separação”. E por aí vai...
OP - Isso o senhor fez?
Seu Lunga - Eu crio. Criei uma poesia... Aliás, minhas poesias são mais sobre mulher (risos).
OP - Diz uma para a gente...
Seu Lunga - Peraí. Vou dizer mais de uma. Diz assim: “A mulher pra ser bonita, precisa ser alta e bela / Tendo um corpo desenhado, morena cor de canela / Mas os rapazes da Ribeira estão tudo loucos por ela”. E então?
OP - Ótima. O senhor tem alguma de Juazeiro, do Cariri?
Seu Lunga - Pera. Outra de mulher: “Se a beleza dessa jovem fosse numa Imperatriz / Se o homem do nosso Estado tivesse a sorte feliz / Tivesse ela como esposa seria o mais rico do País”. Então, é boa? Outra da mulher: “Quem me dera ser um pássaro, para no mundo voar / Eu ia para o oceano, depois podia voltar / Mas ia cair em teus braços somente para consolar”. E aí, boa?
OP - Boa sim. Então, o senhor tem sobre o Juazeiro, sobre o Cariri?
Seu Lunga - Não. Quero dizer, só assim algumas palavras. Tem uma que diz assim: “Terra boa o Cariri, tem mangaba e tem pequi / E ao redor de sete léguas, tem muito ‘fí duma égua’ que nega até um pequi”. (risos).
OP - (risos) O senhor tem outras de Juazeiro?
Seu Lunga - Olha, eu fiz uma poesia de caçador: “O pobre do caçador, com fome, descalço e nu, vai à noite pra caçada / Enquanto o tatu na dormida, pouco demora, dá um pulo e vai simbora por ter desgosto da vida”. É como o velho. Não queira ficar velho porque eu fiz uma poesia com velho.
OP - O senhor fez uma poesia com velho? Mas não é pensando no senhor não, né?
Seu Lunga - Não, mas é a mesma coisa (risos). Tanto faz como tanto fez. “Disse o pobre do velho mais a velha, quando vão se deitar, a colcha toda rompida / E um puxa e o outro puxa / E viver aquela sina dá desgosto na vida”. Agora eu fiz uma poesia que diz assim: “Quem não mora muito longe, morando perto é vizinho / Encostado a esta mata, mata que tem espinho / Cada pau tem o seu galho, cada galho tem um ninho / Não vou morar nessa mata por causa dos passarinhos”. Agora tem outra que diz assim: “Morava bem em Juazeiro / Me transportei daqui e fui morar em Salgueiro / Lá existe uma fazenda que só existe um mateiro / Existe também um boi, que é um grande boi madrugueiro / E eu montado em meu cavalo, cavalo muito ligeiro / E eu vou derribar o boi, cavalo, boi e vaqueiro”. Que tal?
OP - Boa demais. Seu Lunga, o senhor tem poesia sobre o Ceará?
Seu Lunga - Não...
OP - O senhor tem essa fama que lhe chateia, mas estamos desfazendo completamente a imagem que o pessoal fazia do senhor.
Seu Lunga - É... (suspira). Ainda bem.
OP - O senhor conta piada?
Seu Lunga - Não, não gosto de piada. Não gosto de piada e aí, tem muito desses camaradas que fazem os cordéis, que botam muita piada. Aí o cabra num vai gostar. Se você ler o cordel com as histórias, nenhuma é minha. Tem um (livro) aí que tem 157 histórias da minha pessoa. Nenhuma é verdade. Nem pensar em ser verdade.
OP - Tudo inventado?
Seu Lunga - Inventado. E histórias de vagabundo. Olha, eles contam aí que eu fui ao açougue. E cheguei lá e comprei uma cabeça de porco. Quando cheguei em casa a mulher disse: “Pra que é?” E eu disse: “Pra criar”. Escuta, eu nunca comprei cabeça de porco. Outros contam que eu estava arrumando as telhas e quebrei as telhas tudinho. Outro conta que eu vinha com um balde de leite, eu nunca carreguei balde de leite. Aí o cabra perguntou: “Seu Lunga, pra que é?”. E eu: “Pra lavar a calçada, e joguei o leite”. Histórias sem pé nem cabeça.
OP - Seu Lunga, como é o nome do senhor?
Seu Lunga - Meu nome mesmo é Joaquim Santos Rodrigues.
OP - O senhor é pai de quantos filhos?
Seu Lunga - Sou pai de 13 filhos.
OP - Treze? Todos ainda vivos?
Seu Lunga - Morreu um agora. São três homens e 10 mulheres.
OP - Seu filhos também não gostam dessas histórias que inventam do senhor, né?
Seu Lunga - Não, claro que não. Essas histórias que o povo conta... Meus filhos admiram a minha pessoa, gostam de mim. Mas eles não acham bom.
OP - Seu Lunga, o senhor é nascido aqui em Juazeiro, saiu, mas já voltou há mais de 50 anos. O que o senhor mais gosta no Juazeiro.
Seu Lunga - Homi, eu gosto do Juazeiro mais por causa do Padre Cícero.
OP - O senhor é devoto dele também...
Seu Lunga - Sou, do Padre Cícero. Você tem muita história do Padre Cícero aqui. Eu ainda tenho fé que ele vai ser canonizado. Você pensando bem, a história do Padre Cícero que o povo contava tem muita coisa... Eu alcancei ele, mas quando ele morreu eu era muito pequeno. Ele morreu em 1934, eu tinha 6 anos.
OP - O senhor chegou a vê-lo alguma vez?
Seu Lunga - Cheguei, eu vi. Me lembro.
OP - Ele já trazia muita gente para cá mesmo?
Seu Lunga - O Padre Cícero tem muita história. O povo conta histórias dele ainda criança. Ele tinha seis anos, estudava no Crato. Aí, tinha uma escola lá e nesse tempo os meninos andavam de chapéu. Os meninos tinham inveja dele, porque ele era muito inteligente. Os professores gostavam muito dele, das conversas dele. Aí, os outros meninos compraram um outro chapéu e botaram no lugar do chapéu do Padre Cícero. E eles ficaram todos curiosos para saber o que o Padre Cícero ia fazer quando chegasse. Aí quando ele chegou, olhou, e não tinha mais graça de botar o chapéu. Não era o dele. Aí ele pegou o chapéu, colocou na parede e ficou sem...
OP - Era um chapéu igual ao que o senhor está usando?
Seu Lunga - Eu não sei como era o chapéu. Quando Padre Cícero era criança isso foi em em 1870, por aí. Então, aí o chapéu ficou pregado na parede. E os meninos saíram dizendo que Padre Cícero era feiticeiro, isso e aquilo outro. Tem muitas histórias dele. Tinha um senhor aqui, o Aureliano (Pereira da Silva). Ele já morreu, mas tem um bocado de filhos vivos. Ele mesmo me contou uma história que se passou com ele. Era garoto e foi a Barbalha, a cavalo. Naquele tempo não havia carro. Aí, lá, por volta de 11 horas ele encontrou Padre Cícero. Ele já tinha resolvido o problema dele e ficou acompanhando o Padre Cícero. E quando o sol se enterrou, Padre Cícero disse: Vamo simbora!”. E o camarada pensou: “Meu Deus, como é que nós vamos de noite, de Barbalha pra casa”. Mas eles foram indo, indo e encontraram uma casa. O padre mandou parar. Quando chegaram no terreno da casa, a mulher gritou lá de dentro: “Padre, eu mandei lá, o rapaz já foi duas vezes lá no Juazeiro e não lhe encontrou. E coisa e tal”. E Padre Cícero respondeu: “o que foi que houve?”. “Fulano morreu”, disse ela. E entraram na casa para ver o morto. Padre Cícero disse: “Morreu não, minha senhora”. Puxou o braço dele, apertou a mão e gritou: “Compadre fulano”. Aí o homem, que não estava morto, respondeu: “Me levante e vamos conversar”. O Padre Cícero ajudou o homem a se levantar e deu a extrema unção a ele. Conversou com ele e disse para a senhora: “Agora traga um vela que ele agora vai morrer, mas ele não tinha morrido ainda”. Aí colocou as mãos nele e o ajudou a morrer. Aureliano ficou abismado porque Padre Cícero tinha sentido, lá na estrada, que o compadre dele tava para morrer. Bem, Aureliano, depois disso, ele se casou. A mulher morreu. Casou-se de novo, a mulher morreu de novo. E ele adoeceu. A mãe dele mandou chamar Padre Cícero. Aí a mãe dele perguntou: “Padre, será que ele vai morrer”. E Padre Cícero respondeu: “Vai nada. Ele vai ficar bom. E olhe: ele ainda vai ser pai de 36 filhos”. Aí a mãe dele: “Mas padre, 36 filhos?”. O que se sabe é que ele ficou bom, casou-se mais quatro vezes e foi pai de 36 filhos.
OP - Como era Juazeiro nessa época?
Seu Lunga - Daqui pra lá não tinha casa. Padre Cícero disse uma vez no sermão: “Juazeiro vai emendar com Crato e Barbalha”. E não é que está emendando mesmo?
OP - Tem razão... Tchau, seu Lunga. Foi um prazer.
Seu Lunga - Até logo. Boa viagem.
Piadas atribuídas a seu Lunga
> Seu Lunga estava em sua casa, com sede. E manda seu sobrinho lhe trazer um pouco de leite. Daí o pobre do garoto pergunta: “No copo?” “Não. Bota no chão e vem empurrando com o rodo”.
> Seu Lunga estava no mercado com uma caixa de ovos. Daí perguntaram a ele: “Comprando ovos seu Lunga?” E ele responde: “Não, jogando um por um no chão. É traque de massa”. E joga os ovos no chão.
> Seu Lunga estava passeando na calçada com o cachorrinho. E lhe perguntam: “passeando com o cachorrinho, seu Lunga?” E Seu Lunga respondeu. “Não. É meu passarinho”, pegando o pobre poodle pela coleira e o fazendo voar.
> Seu Lunga vai saindo da farmácia, quando alguém pergunta: “Tá doente, seu Lunga”? E ele responde: “Quer dizer que se eu fosse saindo do cemitério eu tava morto?”
> O funcionário do banco veio avisar: “Seu Lunga, a promissória venceu”. E ele respondeu: “Meu filho, pra mim podia ter perdido ou empatado. Não torço por nenhuma promissória”.
> Um rapaz entrou em sua loja e disse: “Seu Lunga, tem pregos tamanho pequeno?”. E ele respondeu: “Tá aí no meio”, aponta para a caixa. E o rapaz procura, procura e não acha. Seu lunga resolve procurar e acha o prego tamanho pequeno. E o rapaz diz: “Obrigado”. E ele responde: “Nada disso. Agora você vai ter que procurar”, e devolve o prego à caixa.
E-Mais
Em princípio, a conversa com seu Lunga não seria uma entrevista de Páginas Azuis. Os repórteres Thiago Cafardo e Cláudio Ribeiro, o fotógrafo Evilázio Bezerra e o motorista Valdir Gomes queriam apenas conhecer um pouco mais sobre o homem que permeia o imaginário popular dos cearenses, por causa de sua zanga. O bate-papo ocorreu em sua própria loja, no centro de Juazeiro.
Seu Lunga acompanhou a equipe do O POVO até a porta de sua loja após a conversa. Antes de se despedir, perguntou aos jornalistas sobre o que achavam do momento atual da política brasileira. Aproveitou para criticar os políticos, inclusive o presidente Lula. “É tudo a mesma coisa”, disse. Após a despedida, todos tiraram fotos com seu Lunga.
O apelido vem desde pequeno, quando uma vizinha de sua família começou a lhe chamar de “Calunga”, que depois acabou virando apenas Lunga. Ele não sabe explicar o motivo do apelido. Originalmente, Calunga era o nome atribuído a descendentes de escravos fugidos e libertos das minas de ouro do Brasil central que formaram comunidades auto-suficientes e viveram mais de duzentos anos isolados em regiões remotas.
Seu Lunga já virou celebridade também na Internet. No site de relacionamentos Orkut (www.orkut.com.br) existem mais de 20 comunidades em “homenagem” ao comerciante. A maior delas, com o título “Seu Lunga - Fã Clube”, tem quase 75 mil pessoas. Há também comunidades com o nome “Discípulos de seu Lunga” ou “Sou fã nº1 do seu Lunga”.
Seu Joaquim dos Santos Rodrigues nasceu em Juazeiro do Norte, no dia 18 de agosto de 1927. Mas morou durante toda a infância em Assaré. Voltou a Juazeiro do Norte aos 20 anos, em 1947, onde casou-se e teve 13 filhos - três homens e 10 mulheres. Doze estão vivos. Trabalhou na agricultura e como ourives, antes de comprar o prédio onde funciona sua loja.
Você fica satisfeito com o cabra te chamando de fresco? De ladrão? Maconheiro? Sem vergonha? Então, eu não gosto dessa fama
Ficam dizendo o que eu não sou, inventando histórias, isso e aquilo outro, dizendo que sou o homem mais ignorante do mundo
Sou devoto do Padre Cícero. Você tem muitas histórias do Padre Cícero aqui em Juazeiro. Eu tenho fé que ele ainda vai ser canonizado
Biografia
Nascido em 18 de agosto de 1927 no município de Caririaçu, Joaquim dos Santos Rodrigues passou a infância com os pais e sete irmãos no município de Assaré. Voltou a Juazeiro do Norte aos 20 anos, em 1947, onde casou-se e teve 13 filhos - três homens e 10 mulheres.
Em entrevista às Páginas Azuis, do O POVO, em novembro de 2009, seu Lunga, como é conhecido desde “menino novo”, fez questão de negar a autoria das piadas grosseiras atribuídas a ele. Os cordelistas eram o principal alvo da mágoa de seu Lunga. “Eles ficam falando da minha pessoa, dizendo o que eu não sou”, lamenta.
Durante a conversa com a reportagem, seu Joaquim falou sobre sua devoção a Padre Cícero, distribuiu sorrisos e até recitou poesias. “Nenhuma dessas histórias (contadas nos cordéis) é verdade. É tudo inventado”, se queixou seu Lunga, na época.
O POVO - Boa tarde, seu Lunga. Como vai?
Seu Lunga - Pois não.
OP - Somos do jornal O POVO, de Fortaleza. Podemos conversar com o senhor? São só algumas perguntas...
Seu Lunga - Às vezes, muita gente vem com umas perguntas, umas conversas tão bestas aqui. Que prejudica a gente.
OP - Que tipo de conversa besta o pessoal tem com o senhor?
Seu Lunga - Olha, muita gente chega aqui (no comércio) e diz: “Isso aqui é para vender?”. É pergunta besta. Aí querem que eu dê uma resposta grosseira. Isso faz mal à gente. Você está ocupado e o camarada chega perguntando bobagem...
OP - Mas a nossa intenção não é essa, não...
Seu Lunga - Tem um camarada aqui, que se vocês forem lá ele dá uma entrevista bacana. O nome dele é Geraldo Menezes. Ele é um professor, um dentista...
OP - A nossa intenção é conhecer um pouco mais sobre o senhor, seu Lunga. O senhor é nascido onde, em qual município?
Seu Lunga - Eu nasci aqui mesmo (Juazeiro do Norte).
OP - Qual a idade do senhor?
Seu Lunga - Completei 81 anos. Já estou dentro do 82. Nasci em 1927, no dia 18 de agosto.
OP - O senhor está muito bem...
Seu Lunga - É. Pra quem já tem 81...
OP - O senhor já trabalhou com o que, além de vender (tem uma loja no Centro de Juazeiro que vende de tudo)?
Seu Lunga - Eu nasci aqui, mas passei uns tempos morando no município de Assaré. Fui para lá menino. Tinha 20 anos. Minha origem de eu ter vindo para cá foi uma queda... Lá nós criávamos todo tipo de bicho: porco, carneiro, galinha, cavalo, burro, boi e vaca. Agora, sempre que era no fim das águas (época de seca), a lagoa de lá secava. A gente cavava um buraco para dar água aos bichos. Então eu escapolí da boca do buraco com 23 metros de fundura. Se eu tivesse caído de ponta, assim, tinha quebrado o pescoço. Mas eu caí de chapa (inteiro) no buraco. Porque a cacimba era com madeira, na boca. Aí escorreguei... Quando escorreguei, o corpo deu um balanço assim (mostra com as mãos o movimento do corpo) e caí de chapa.
OP - Aí o senhor veio a Juazeiro para se tratar?
Seu Lunga - Eu vim para me tratar. Vim com meu pai. Depois, eu fiquei e meu pai voltou. Fiquei trabalhando numa oficina de ourives. Passei uns tempos nessa oficina.
OP - Quanto tempo?
Seu Lunga - Eu vim para cá em 1947 já para 48. Passei até 1950 trabalhando de ourives. Olha aqui esse anel (mostra o anel no anelar da mão direita), fui eu que fiz. É de rubi. Aí, comecei a negociar cereais. Meu pai trouxe uma tia minha e uma irmã para ficar comigo. Fiquei numa casa lá no caminho do Horto. Aí entendi de me casar, me casei, e minha irmã voltou para lá com minha tia. E eu fiquei, negociando aqui no mercado. Passei uns anos negociando. Depois comprei um motor aqui na rua São Paulo. Naquele época não tinha energia elétrica. Aí comprei as máquinas com o motor. Eu pilava arroz, torrava café, vendia massa de milho, a palha do milho, do arroz... Em 1960, comprei esses dois prédios aqui (onde funciona sua oficina) e queria continuar, mas na época teve uma lero-lero (burocracia) danado. E eu não quis. Então, botei a oficina lá atrás e um camarada consertando televisão, rádio. Agora, de uns tempos desses para cá as coisas “fracaram” e tô só com essa bagaceira de coisas aqui.
OP - Por que as pessoas gostam de brincar com o senhor sobre sua zanga?
Seu Lunga - Olhe, nós estamos num Brasil sem moral. Num Brasil sem respeito. Num Brasil sem Justiça. Porque tem um senhor aqui que escreve uns folhetozinhos (cordel) falando da minha pessoa. Dizendo o que eu não sou, inventando histórias, inventando isso e aqui outro, dizendo que sou o homem mais ignorante do mundo. Mais zangado do mundo. E fica inventando cada vez mais histórias. E o povo compra esses folhetos.
OP - E o senhor fica chateado com isso? Essa fama incomoda?
Seu Lunga - Claro. Todo mundo fica. Você fica satisfeito com o cabra te chamando de fresco? De ladrão? Maconheiro? Sem vergonha? Então, eu não gosto dessa fama.
OP - O senhor se considera um homem feliz depois de tanto tempo aqui em Juazeiro?
Seu Lunga - A pessoa feliz é da pessoa. Agora, tem gente... Chegou aqui um povo vindo de Minas. O rapaz me perguntou: “Seu Lunga, por que o povo lhe chama de ignorante?”. Eu olhei pra ele e disse: “Rapaz, eu acho que o povo me chama de ignorante porque sei ler, sei escrever, sei as operações de conta. Aí, de minha teoria, eu criei um bocado de poesias...”
OP - O senhor faz poesias?
Seu Lunga - Não, eu não faço. Agora, eu faço um discurso, eu crio um discurso da criatura que morre, que deixa a vida material para a vida espiritual, fazendo uma despedida da vida eterna.
OP - Como é isso? Recite umas para a gente, só um trecho.
Seu Lunga - Assim: “Meu amigos, eis aqui o destino / Nós estamos aqui reunidos, assistindo a separação dessa criatura que vai deixando a vida material para a vida espiritual / Nós aqui com o coração cheio de dor, de lembrança e de recordação / Dos dias felizes que nós passamos aqui na terra, junto a esta criatura e hoje ele dá um Adeus deixando a recordação a seus irmãos, a seus filhos, a seus amigos, a seus parentes / Nós, aqui tristes, sentindo essa separação, mas lá está Jesus, de braços abertos, esperando a sua chegada com seus familiares / Pai, irmão, tio e mãe estão lá comemorando a sua chegada e nós, aqui, com o coração transportado de tristeza, de separação”. E por aí vai...
OP - Isso o senhor fez?
Seu Lunga - Eu crio. Criei uma poesia... Aliás, minhas poesias são mais sobre mulher (risos).
OP - Diz uma para a gente...
Seu Lunga - Peraí. Vou dizer mais de uma. Diz assim: “A mulher pra ser bonita, precisa ser alta e bela / Tendo um corpo desenhado, morena cor de canela / Mas os rapazes da Ribeira estão tudo loucos por ela”. E então?
OP - Ótima. O senhor tem alguma de Juazeiro, do Cariri?
Seu Lunga - Pera. Outra de mulher: “Se a beleza dessa jovem fosse numa Imperatriz / Se o homem do nosso Estado tivesse a sorte feliz / Tivesse ela como esposa seria o mais rico do País”. Então, é boa? Outra da mulher: “Quem me dera ser um pássaro, para no mundo voar / Eu ia para o oceano, depois podia voltar / Mas ia cair em teus braços somente para consolar”. E aí, boa?
OP - Boa sim. Então, o senhor tem sobre o Juazeiro, sobre o Cariri?
Seu Lunga - Não. Quero dizer, só assim algumas palavras. Tem uma que diz assim: “Terra boa o Cariri, tem mangaba e tem pequi / E ao redor de sete léguas, tem muito ‘fí duma égua’ que nega até um pequi”. (risos).
OP - (risos) O senhor tem outras de Juazeiro?
Seu Lunga - Olha, eu fiz uma poesia de caçador: “O pobre do caçador, com fome, descalço e nu, vai à noite pra caçada / Enquanto o tatu na dormida, pouco demora, dá um pulo e vai simbora por ter desgosto da vida”. É como o velho. Não queira ficar velho porque eu fiz uma poesia com velho.
OP - O senhor fez uma poesia com velho? Mas não é pensando no senhor não, né?
Seu Lunga - Não, mas é a mesma coisa (risos). Tanto faz como tanto fez. “Disse o pobre do velho mais a velha, quando vão se deitar, a colcha toda rompida / E um puxa e o outro puxa / E viver aquela sina dá desgosto na vida”. Agora eu fiz uma poesia que diz assim: “Quem não mora muito longe, morando perto é vizinho / Encostado a esta mata, mata que tem espinho / Cada pau tem o seu galho, cada galho tem um ninho / Não vou morar nessa mata por causa dos passarinhos”. Agora tem outra que diz assim: “Morava bem em Juazeiro / Me transportei daqui e fui morar em Salgueiro / Lá existe uma fazenda que só existe um mateiro / Existe também um boi, que é um grande boi madrugueiro / E eu montado em meu cavalo, cavalo muito ligeiro / E eu vou derribar o boi, cavalo, boi e vaqueiro”. Que tal?
OP - Boa demais. Seu Lunga, o senhor tem poesia sobre o Ceará?
Seu Lunga - Não...
OP - O senhor tem essa fama que lhe chateia, mas estamos desfazendo completamente a imagem que o pessoal fazia do senhor.
Seu Lunga - É... (suspira). Ainda bem.
OP - O senhor conta piada?
Seu Lunga - Não, não gosto de piada. Não gosto de piada e aí, tem muito desses camaradas que fazem os cordéis, que botam muita piada. Aí o cabra num vai gostar. Se você ler o cordel com as histórias, nenhuma é minha. Tem um (livro) aí que tem 157 histórias da minha pessoa. Nenhuma é verdade. Nem pensar em ser verdade.
OP - Tudo inventado?
Seu Lunga - Inventado. E histórias de vagabundo. Olha, eles contam aí que eu fui ao açougue. E cheguei lá e comprei uma cabeça de porco. Quando cheguei em casa a mulher disse: “Pra que é?” E eu disse: “Pra criar”. Escuta, eu nunca comprei cabeça de porco. Outros contam que eu estava arrumando as telhas e quebrei as telhas tudinho. Outro conta que eu vinha com um balde de leite, eu nunca carreguei balde de leite. Aí o cabra perguntou: “Seu Lunga, pra que é?”. E eu: “Pra lavar a calçada, e joguei o leite”. Histórias sem pé nem cabeça.
OP - Seu Lunga, como é o nome do senhor?
Seu Lunga - Meu nome mesmo é Joaquim Santos Rodrigues.
OP - O senhor é pai de quantos filhos?
Seu Lunga - Sou pai de 13 filhos.
OP - Treze? Todos ainda vivos?
Seu Lunga - Morreu um agora. São três homens e 10 mulheres.
OP - Seu filhos também não gostam dessas histórias que inventam do senhor, né?
Seu Lunga - Não, claro que não. Essas histórias que o povo conta... Meus filhos admiram a minha pessoa, gostam de mim. Mas eles não acham bom.
OP - Seu Lunga, o senhor é nascido aqui em Juazeiro, saiu, mas já voltou há mais de 50 anos. O que o senhor mais gosta no Juazeiro.
Seu Lunga - Homi, eu gosto do Juazeiro mais por causa do Padre Cícero.
OP - O senhor é devoto dele também...
Seu Lunga - Sou, do Padre Cícero. Você tem muita história do Padre Cícero aqui. Eu ainda tenho fé que ele vai ser canonizado. Você pensando bem, a história do Padre Cícero que o povo contava tem muita coisa... Eu alcancei ele, mas quando ele morreu eu era muito pequeno. Ele morreu em 1934, eu tinha 6 anos.
OP - O senhor chegou a vê-lo alguma vez?
Seu Lunga - Cheguei, eu vi. Me lembro.
OP - Ele já trazia muita gente para cá mesmo?
Seu Lunga - O Padre Cícero tem muita história. O povo conta histórias dele ainda criança. Ele tinha seis anos, estudava no Crato. Aí, tinha uma escola lá e nesse tempo os meninos andavam de chapéu. Os meninos tinham inveja dele, porque ele era muito inteligente. Os professores gostavam muito dele, das conversas dele. Aí, os outros meninos compraram um outro chapéu e botaram no lugar do chapéu do Padre Cícero. E eles ficaram todos curiosos para saber o que o Padre Cícero ia fazer quando chegasse. Aí quando ele chegou, olhou, e não tinha mais graça de botar o chapéu. Não era o dele. Aí ele pegou o chapéu, colocou na parede e ficou sem...
OP - Era um chapéu igual ao que o senhor está usando?
Seu Lunga - Eu não sei como era o chapéu. Quando Padre Cícero era criança isso foi em em 1870, por aí. Então, aí o chapéu ficou pregado na parede. E os meninos saíram dizendo que Padre Cícero era feiticeiro, isso e aquilo outro. Tem muitas histórias dele. Tinha um senhor aqui, o Aureliano (Pereira da Silva). Ele já morreu, mas tem um bocado de filhos vivos. Ele mesmo me contou uma história que se passou com ele. Era garoto e foi a Barbalha, a cavalo. Naquele tempo não havia carro. Aí, lá, por volta de 11 horas ele encontrou Padre Cícero. Ele já tinha resolvido o problema dele e ficou acompanhando o Padre Cícero. E quando o sol se enterrou, Padre Cícero disse: Vamo simbora!”. E o camarada pensou: “Meu Deus, como é que nós vamos de noite, de Barbalha pra casa”. Mas eles foram indo, indo e encontraram uma casa. O padre mandou parar. Quando chegaram no terreno da casa, a mulher gritou lá de dentro: “Padre, eu mandei lá, o rapaz já foi duas vezes lá no Juazeiro e não lhe encontrou. E coisa e tal”. E Padre Cícero respondeu: “o que foi que houve?”. “Fulano morreu”, disse ela. E entraram na casa para ver o morto. Padre Cícero disse: “Morreu não, minha senhora”. Puxou o braço dele, apertou a mão e gritou: “Compadre fulano”. Aí o homem, que não estava morto, respondeu: “Me levante e vamos conversar”. O Padre Cícero ajudou o homem a se levantar e deu a extrema unção a ele. Conversou com ele e disse para a senhora: “Agora traga um vela que ele agora vai morrer, mas ele não tinha morrido ainda”. Aí colocou as mãos nele e o ajudou a morrer. Aureliano ficou abismado porque Padre Cícero tinha sentido, lá na estrada, que o compadre dele tava para morrer. Bem, Aureliano, depois disso, ele se casou. A mulher morreu. Casou-se de novo, a mulher morreu de novo. E ele adoeceu. A mãe dele mandou chamar Padre Cícero. Aí a mãe dele perguntou: “Padre, será que ele vai morrer”. E Padre Cícero respondeu: “Vai nada. Ele vai ficar bom. E olhe: ele ainda vai ser pai de 36 filhos”. Aí a mãe dele: “Mas padre, 36 filhos?”. O que se sabe é que ele ficou bom, casou-se mais quatro vezes e foi pai de 36 filhos.
OP - Como era Juazeiro nessa época?
Seu Lunga - Daqui pra lá não tinha casa. Padre Cícero disse uma vez no sermão: “Juazeiro vai emendar com Crato e Barbalha”. E não é que está emendando mesmo?
OP - Tem razão... Tchau, seu Lunga. Foi um prazer.
Seu Lunga - Até logo. Boa viagem.
Piadas atribuídas a seu Lunga
> Seu Lunga estava em sua casa, com sede. E manda seu sobrinho lhe trazer um pouco de leite. Daí o pobre do garoto pergunta: “No copo?” “Não. Bota no chão e vem empurrando com o rodo”.
> Seu Lunga estava no mercado com uma caixa de ovos. Daí perguntaram a ele: “Comprando ovos seu Lunga?” E ele responde: “Não, jogando um por um no chão. É traque de massa”. E joga os ovos no chão.
> Seu Lunga estava passeando na calçada com o cachorrinho. E lhe perguntam: “passeando com o cachorrinho, seu Lunga?” E Seu Lunga respondeu. “Não. É meu passarinho”, pegando o pobre poodle pela coleira e o fazendo voar.
> Seu Lunga vai saindo da farmácia, quando alguém pergunta: “Tá doente, seu Lunga”? E ele responde: “Quer dizer que se eu fosse saindo do cemitério eu tava morto?”
> O funcionário do banco veio avisar: “Seu Lunga, a promissória venceu”. E ele respondeu: “Meu filho, pra mim podia ter perdido ou empatado. Não torço por nenhuma promissória”.
> Um rapaz entrou em sua loja e disse: “Seu Lunga, tem pregos tamanho pequeno?”. E ele respondeu: “Tá aí no meio”, aponta para a caixa. E o rapaz procura, procura e não acha. Seu lunga resolve procurar e acha o prego tamanho pequeno. E o rapaz diz: “Obrigado”. E ele responde: “Nada disso. Agora você vai ter que procurar”, e devolve o prego à caixa.
E-Mais
Em princípio, a conversa com seu Lunga não seria uma entrevista de Páginas Azuis. Os repórteres Thiago Cafardo e Cláudio Ribeiro, o fotógrafo Evilázio Bezerra e o motorista Valdir Gomes queriam apenas conhecer um pouco mais sobre o homem que permeia o imaginário popular dos cearenses, por causa de sua zanga. O bate-papo ocorreu em sua própria loja, no centro de Juazeiro.
Seu Lunga acompanhou a equipe do O POVO até a porta de sua loja após a conversa. Antes de se despedir, perguntou aos jornalistas sobre o que achavam do momento atual da política brasileira. Aproveitou para criticar os políticos, inclusive o presidente Lula. “É tudo a mesma coisa”, disse. Após a despedida, todos tiraram fotos com seu Lunga.
O apelido vem desde pequeno, quando uma vizinha de sua família começou a lhe chamar de “Calunga”, que depois acabou virando apenas Lunga. Ele não sabe explicar o motivo do apelido. Originalmente, Calunga era o nome atribuído a descendentes de escravos fugidos e libertos das minas de ouro do Brasil central que formaram comunidades auto-suficientes e viveram mais de duzentos anos isolados em regiões remotas.
Seu Lunga já virou celebridade também na Internet. No site de relacionamentos Orkut (www.orkut.com.br) existem mais de 20 comunidades em “homenagem” ao comerciante. A maior delas, com o título “Seu Lunga - Fã Clube”, tem quase 75 mil pessoas. Há também comunidades com o nome “Discípulos de seu Lunga” ou “Sou fã nº1 do seu Lunga”.
Seu Joaquim dos Santos Rodrigues nasceu em Juazeiro do Norte, no dia 18 de agosto de 1927. Mas morou durante toda a infância em Assaré. Voltou a Juazeiro do Norte aos 20 anos, em 1947, onde casou-se e teve 13 filhos - três homens e 10 mulheres. Doze estão vivos. Trabalhou na agricultura e como ourives, antes de comprar o prédio onde funciona sua loja.
Você fica satisfeito com o cabra te chamando de fresco? De ladrão? Maconheiro? Sem vergonha? Então, eu não gosto dessa fama
Ficam dizendo o que eu não sou, inventando histórias, isso e aquilo outro, dizendo que sou o homem mais ignorante do mundo
Sou devoto do Padre Cícero. Você tem muitas histórias do Padre Cícero aqui em Juazeiro. Eu tenho fé que ele ainda vai ser canonizado
Biografia
Nascido em 18 de agosto de 1927 no município de Caririaçu, Joaquim dos Santos Rodrigues passou a infância com os pais e sete irmãos no município de Assaré. Voltou a Juazeiro do Norte aos 20 anos, em 1947, onde casou-se e teve 13 filhos - três homens e 10 mulheres.
Em entrevista às Páginas Azuis, do O POVO, em novembro de 2009, seu Lunga, como é conhecido desde “menino novo”, fez questão de negar a autoria das piadas grosseiras atribuídas a ele. Os cordelistas eram o principal alvo da mágoa de seu Lunga. “Eles ficam falando da minha pessoa, dizendo o que eu não sou”, lamenta.
Durante a conversa com a reportagem, seu Joaquim falou sobre sua devoção a Padre Cícero, distribuiu sorrisos e até recitou poesias. “Nenhuma dessas histórias (contadas nos cordéis) é verdade. É tudo inventado”, se queixou seu Lunga, na época.
sexta-feira, 21 de novembro de 2014
ALERTA PARA A PREVENÇÃO CONTRA A DENGUE
18/11/2014 15h16
- Atualizado em
18/11/2014 15h32
Infestação de Aedes aegypti põe em risco 135 cidades brasileiras
Mosquito é responsável pela transmissão da dengue e do chikungunya.
Levantamento verifica se há larvas dos mosquitos nos imóveis.
Do G1, em São Paulo
Aedes aegypti transmite dengue e chikungunya (Foto: CDC-GATHANY/PHANIE/AFP)
saiba mais
Segundo o Ministério da Saúde, 135 cidades estão em situação de risco
para a ocorrência de epidemias devido à infestação do mosquito Aedes aegypti,
transmissor da dengue e do chikungunya. O número anterior, divulgado no
dia 7 de novembro, era de 125 municípios. De acordo com a pasta, nessas
cidades foram encontrados larvas do mosquito em mais de 3,9% das casas
visitadas.As informações integram o Levantamento Rápido do Índice de Infestação de Aedes Aegypti (LIRAa), feito em outubro, que analisou a existência de locais com larvas em 1.737 cidades. Seu objetivo é apontar as regiões com maior risco de transmissão das doenças.
De acordo com o levantamento, Rio Branco é a única capital em situação de risco, com índice de 4,2. São 13 as capitais que apresentaram situação de alerta (Boa Vista, Palmas, Salvador, Porto Alegre, Cuiabá, Vitória, Maceió, Natal, Recife, São Luís, Aracaju, Belém e Porto Velho) e outras 11 estão com índices satisfatórios (Curitiba, Florianópolis, Brasília, Campo Grande, Goiânia, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Macapá, Teresina e João Pessoa). Duas capitais (Manaus e Fortaleza) ainda não apresentaram ao Ministério da Saúde os resultados do LIRAa.
No ano passado, o LIRAa apontou 159 municípios em situação de risco e 539 em alerta. Apesar do número de cidades consideradas críticas ter sido menor este ano em relação a 2013, há uma preocupação maior por causa dos casos de chikungunya. Até 25 de outubro, foram diagnosticados 824 casos da febre no país. O primeiro foi confirmado em setembro. Já os casos de dengue somam 556.317 este ano.
De acordo com a pasta, o estudo é importante para reduzir a transmissão durante o verão, que é a estação mais propícia, já que a combinação de chuva e calor é ideal para a procriação do Aedes aegypti.
Nova campanha
Com o slogan “O perigo aumentou. E a responsabilidade de todos também”, o ministério lançou uma campanha neste mês para chamar a atenção sobre a importância da prevenção ao mosquito transmissor das duas doenças.
Foram produzidas peças publicitárias com imagens que mostram os criadouros do Aedes aegypti, como vasos de plantas com água, sacos de lixo, caixas d’água abertas, pneus desprotegidos e garrafas plásticas destampadas. De acordo com a pasta, é preciso destacar que a forma de combate ao foco do mosquito é a mesma para se evitar as duas doenças.
Chikungunya e dengue
A infecção pelo vírus chikungunya provoca sintomas parecidos com os da dengue, porém mais dolorosos. No idioma africano makonde, o nome chikungunya significa "aqueles que se dobram", em referência à postura que os pacientes adotam diante das penosas dores articulares que a doença causa.
Em compensação, comparado com a dengue, o novo vírus mata com menos frequência. Em idosos, quando a infecção é associada a outros problemas de saúde, ela pode até contribuir como causa de morte, porém complicações sérias são raras, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Diferentemente da dengue, que tem quatro subtipos, o chikungunya é único. Uma vez que a pessoa é infectada e se recupera, ela se torna imune à doença. Quem já pegou dengue não está nem menos nem mais vulnerável ao chikungunya: apesar dos sintomas parecidos e da forma de transmissão similar, tratam-se de vírus diferentes.
No Estado do Ceará, especificamente, na grande Capital Fortaleza, estudos mostram uma situação de alerta em 40 bairros. Alguns estão em iminência para acontecer uma epidemia. Desses estudos realizados, alguns bairros tiveram resultados satisfatórios. Vejam abaixo, a planilha com o resultado do estudo.
Vamos evitar a dengue. A população precisa se conscientizar dos males que esse inseto assassino e sanguinolento pode nos causar. Não podemos vacilar nesses cuidados. A menor atenção aos cuidados pode gerar uma grande infestação em uma grande área de habitantes. Depois, poderá ser tarde demais. Se o problema é de seu vizinho, é de todos nós também. Pode ser que não possa vir a acontecer com você hoje, mas nunca se saberá do que possa vir a acontecer amanhã. Por isso, temos que intensificar a campanha do ALERTA PARA A PREVENÇÃO CONTRA A DENGUE.
Primeira coisa a se fazer é conhecer o MOSQUITO. Quem é ele? Como ele é, suas características físicas, seu ataque e como ele ataca, a que horas ele ataca? Eis o ASSASSINO.
Falar da prevenção contra a infestação do mosquito da dengue já está tão batido pelos canais de comunicação, mas ainda assim, a população não é seguidora da prevenção. Por isso e outras é que temos que intensificar essas informações por meio de tantos outros veículos de comunicação como blogs, facebook e outras redes sociais.Vamos então rever, recapitular os conteúdos sobre prevenção.
Caso esses cuidados não sejam seguidos, é bem provável que o inesperado possa vir a acontecer com você, com seu vizinho que não colaborou, conosco que não colaboramos junto no coletivo. E aí, é tarde demais. Caso você, eu, seu vizinho, nós todos venhamos a sentir os sintomas descritos abaixo, é provável que seja dengue. Resta-nos apenas o tratamento.
Se esses sintomas forem identificados como referentes à dengue e persistirem, devemos procurar, imediatamente, o médico ou hospital mais próximo da vítima. Vamos dar ADEUS a esse sanguinolento assassino JÁ!!!! Vamos intensificar essa campanha! Diga NÃO à DENGUE! DENGUE, NUNCA MAIS!
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