sábado, 6 de março de 2010

Que calor é esse?

calor Apesar de o cearense estar acostumado com o clima quente, nas últimas semanas tem sido difícil lidar bem com tanto calor. Não é mesmo? A temperatura elevada aliada à alta umidade do ar e aos fracos ventos têm atrapalhado, inclusive, o sono. Afinal, quem é que consegue dormir bem com o clima abafado, sem dispor de uma leve brisa ou chuva para refrescar a cidade, cada vez mais cercada por altos prédios?

"O calor está insuportável. Estou molhada de suor. O pior é que essa época também é a de muriçocas. Sem os ventos, elas não circulam. Nunca tive necessidade de compra ar condicionado, porque moro em frente a um parque. Mas, agora, tive de comprar, porque as árvores nem se mexem. Não está dando para dormir, passo a noite acordando. O que estou sentido é o mesmo quando estava entrando na menopausa", reclama a aposentada Maria Amélia Farias, 59.

O incômodo sentido pela aposentada não é à toa. Conforme Glaucia Barbieri, meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), neste período, a temperatura média do Estado aumentou entre 1,5 e 2 graus. Por isso, a média das temperaturas máxima e mínima que era de 30ºC e 24ºC, agora está entre 32ºC e 26ºC. "Isso se dá pelas alterações na temperatura provocadas pelo fenômeno El Niño. Ele aquece as águas do Oceano Pacífico, além de causar redução das chuvas, dos ventos, da nebulosidade e aumentar a incidência de raios solares e a umidade do ar", explica.

De acordo com a meteorologista, o outro fator que também contribui para a situação é o aquecimento das águas do Atlântico Norte. Com isso, conta, cria-se cenário desfavorável à atuação da zona de convergência, principal sistema causador de chuvas no Estado. "Quando a umidade do ar e a temperatura estão elevadas, a sensação térmica (o que sentimos) é maior".

Por conta dessa sensação, relaciona o neurologista George Leitão, é mais difícil dormir. Segundo ele, que também é membro titular da Associação Brasileira de Neurologia, o sono também é fruto de atividade cerebral. Nela atua o hipotálamo, região do cérebro que percebe as variações na temperatura. "Como forma de defesa, o hipotálamo não deixa dormir. Se está frio demais, ele entende que a pessoa pode congelar. Se muito quente, pode morrer desidratada. O meio ambiente tem grande participação", explica.

Para dormir bem, frisa, é preciso que o ambiente esteja bem climatizado: nem muito frio, ou muito quente. O problema, segundo Gláucia, é que a temperatura só amenizará com a regularidade das chuvas. A tendência é que abril e maio sejam os meses mais chuvosos, mas ainda não terão boas chuvas.

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