sábado, 12 de junho de 2010

HISTÓRIAS DE AMOR

 
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HAROLDO E HIRAMISA Serra: um casal que se confunde com a história do teatro cearense

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NILO E NICE FIRMEZA compartilham o amor pelas artes visuais em um espaço referencial na capital cearense

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Cristiano Pinho

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Kátia Freitas

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CRISTIANO PINHO e Kátia Freitas, Rosa Primo e Ernesto Gadelha: parceria afetiva e artística

12/6/2010

No Dia dos Namorados, o Caderno 3 mostra casais que exercem a mesma profissão, em diferentes linguagens artísticas. Companheiros, eles dizem que exercer a mesma atividade facilita a convivência

Longe de darem receitas prontas de felicidade, os quatro casais são unânimes quando o assunto é constância e durabilidade: os ingredientes primordiais, que não podem deixar de temperar o misterioso caldeirão das vidas entrelaçadas, são amor e respeito. Na música, o depoimento de Kátia Freitas e Cristiano Pinho, juntos há 22 anos, mostra que admiração mútua dá um sabor diferenciado e ajuda a engrossar o caldo da relação. Cristiano nasceu em Viçosa do Ceará, formou-se em Música pela UECE, está (quase) com dois discos gravados, é arranjador, produtor musical e parceiro da bela Kátia Freitas desde 1987. Ela nasceu em Fortaleza, formou-se em Psicologia na UFC, também tem dois discos no mercado, é cantora, compositora e companheira do talentoso Cristiano desde quando o viu pela primeira vez, no Porão da UFC, em um dos muitos festivais de música da época. "Ele era da banda e acompanhava todos os concorrentes, eu estava interpretando duas canções. Depois disso, passamos a nos ver no Festival de Camocim, em shows... Em 1988 começamos namorar". 
Para o casal, que desde 2004 fixou residência em São Paulo, o fato de ambos exercerem a mesma profissão ajudou no equilíbrio da convivência.
"Ele produziu meus dois discos e eu, os dele. Participamos ativamente da carreira do outro, temos objetivos em comum, nos admiramos pessoal e profissionalmente, embora tenhamos consciência de que cada trajetória é individual. E até hoje conservamos total admiração por nossos trabalhos", ressalta Kátia. Dentro de poucas semanas Cristiano Pinho estará apresentando o CD Cortejo à imprensa e Kátia Freitas já está em estúdio preparando novo disco. "Vamos lançar o selo "Ellemento", estamos estruturando a venda on-line, porque os artistas independentes têm que se estruturar cada vez mais. Acreditamos que esse selo facilitará tanto o nosso, como o trabalho de outros colegas".
Casal em cena
No teatro, Hiramisa e Haroldo Serra, que dia 19 completam nada menos que 52 anos de união, garantem que companheirismo de boa safra é ideal para ter êxito na convivência diária.
"Quando conheci o Haroldo, já tocava acordeom, piano, declamava... Mas nunca tinha pensado em ser atriz. Fui para o teatro por causa dele. Sempre procurei que as coisas dessem certo. É fundamental a mulher acompanhar o marido, é preciso colaboração para manter um casamento. Não tem nada a ver com subserviência", diz Hiramisa.
Após 42 anos convivendo em casa e nos palcos, o casal dá um show de tranquilidade e segurança. "Ela sempre foi uma mulher muito centrada, prendada artisticamente. Mas, precisamos ficar noivos, lá em 1958, para ela poder estrear oficialmente no teatro, na peça ´Uma canção dentro do pão´, de Raimundo Magalhães Junior. De lá para cá nunca mais paramos", recorda ele, e ela complementa. "Sempre gostamos de receber amigos em casa, voltamos a estudar juntos, nunca brigamos por causa de ciúme. Se é difícil a convivência a dois? Acho que não. Ruim é viver brigando, hostilizando o outro. Mas quando há harmonia, o foco é a tranquilidade, é muito bom".
Dança a dois
Na dança, a trajetória de vida de Rosa Primo e Ernesto Gadelha, unidos há 12 anos, comprova que flexibilidade é boa aliada para acertar o passo do casal. Ernesto e Rosa têm um filhinho que agora está com quatro anos. O casal de bailarinos, que se conheceu em 1998, enxerga no pequeno um possível embrião de artista. "Mas não vamos forçar nada. Se ele quiser, será naturalmente", diz Ernesto. 
Rosa está às voltas com a organização do primeiro curso de graduação em Dança, que terá início ano que vem, na UFC. Ernesto é professor de dança para crianças na Vila das Artes. "Trabalhamos no mesmo campo e somos parceiros em tudo. Isso só reforça a relação e gera mais motivos para harmonizar a vida. Não trabalhamos juntos, mas compartilhamos leituras, interesses, reflexões. Há muita cumplicidade profissional, além da pessoal, claro".
Hoje, o casal quase não sai mais para dançar. "Agora temos o bebê e muitas atividades, que nos tomam muito tempo. Mas temos planos. A gente vive alimentando o sonho de fazer dança de salão", prometem.
Arte e cumplicidade
Nas artes plásticas, claro que tínhamos de falar com o casal Nice e Nilo (o Estrigas), que já trazem no sobrenome a essência de todas as virtudes almejadas no intento em questão: Firmeza. Ano que vem, completam cinco décadas de convivência diária. E, se dizem que o dia-a-dia torna as pessoas parecidas, o ilustre casal conseguiu a proeza até no físico.
"Nos conhecemos na Sociedade Cearense de Artes Plásticas, a SCAP, os dois fazendo cursos de desenho e pintura. A amizade veio surgindo e a admiração crescendo com a convivência. Passamos a pintar, conversar os mesmos assuntos e, ainda hoje, gosto do trabalho dela. E ela, do meu", diz Estrigas.
O casal, que transformou a própria residência em um dos pontos de referência da arte da Capital, hoje preserva um acervo de mais de 600 peças. "Seguimos a mesma estrada, mas temos preferências bem diversificadas. Apesar de bebermos nas mesmas fontes, nossa pintura sempre foi diferente uma da do outro. Nem sei se nossa aproximação foi caso de paixão, naquele tempo era diferente. Acho que foi um conjunto de fatores, e claro que nossa afinidade artística facilitou, e melhorou, a convivência ao longo de todos esses anos", afirma Nilo.
Nice, hoje com 88 anos, se afastou das tintas e pincéis, mas está a pleno vapor na confecção das mandalas bordadas. Uma vez por semana ensina a crianças o trançado das linhas coloridas. Ele, aos 90 anos, também suspendeu temporariamente o trabalho nas telas. "Estamos ao sabor das circunstâncias. Apareceu um probleminha no braço, até para escrever está difícil. Mas estamos aguardando melhorar e, quem sabe, continuar", promete Estrigas.

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