quarta-feira, 13 de outubro de 2010

THE TEACHER’S DAY

 

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Todos os anos são assim: comemora-se o dia do professor com cartõezinhos, lembrancinhas singelas, com beijos queridos dos alunos, com palmas carinhosas, com mensagem surpresas, bolos, presentinhos como canetinhas, bloquinhos de papéis para anotações, agendas, livros, calndários, etc. Quem não se envaidece de ser professor? Quem não se satisfaz com as mil homenagens feitas aos professores desde os tempos mais remotos? quem não passa o ano inteiro esperando por este dia para ser parabenizado? Quem não chora quando a homenagem é cheia de agradecimentos? Quem não se arrepia diante dos abraços entre os colegas professores em uma confraternização simbólica? Quem não aceita um almoço luxuoso em prol dos professores? QUEM GOSTARIA DE SER PROFESSOR? NINGUÉM. 

 

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Ninguém mais quer ser professor. Por que? Porque vivemos à sombra de um calvário, de uma via sacra, onde já sepultamos todos os nossos saberes, suores, espinhos e esperanças de ver-nos orgulhosos de sermos professores. Ninguém é sucessor de um professor. Esta profissão está com seus dias contados!

 

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A juventude que passa por nós, professores, nos humilham, dizendo que seus pais não tem estudo e ganham mais que nós. A juventude ver que a rotina de um professor é parecida com a de um ente que não teve outra opção de trabalho. A juventude que enfrenta vestibular não quer cursar uma faculdade que os leve ao magistério. A juventude pensa e não se anima em escolher ser professor porque enxerga a humilhação que o profissional passa para sobreviver do salário que lhe é pago.

Por trás de tudo isso, sabe-se que tem uma jogada política. Entra ano e sai ano e o governo fala em melhoria no salário da educação, fala-se em investir mais na educação para o progresso da humanidade, tornar o BRasil um país em crescimento econônico, sabendo que a economia só terá sucesso com o advindo das melhorias da educação para o povo, ou seja, povo sem educação, país sem condições de crescer economicamente. Mas tudo não passa de especulações baratas para alimentar as esperanças do educador. O governo nãos e preocupa com os problemas da educação no país porque quanto mais pobres de educação as pessoas estiverem, mais fácil será convencê-los a viver na pobreza e aceitar a situação muito caótica em que vivemos.

 

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Quantas pessoas não passam pelo professor! O filho do governador, o padre, o médico, a prefeita, filhos de prefeitos, enfim, todos passam pelo professor e este vai ficando esquecido nas salas-de-aula com seu alto grau de bondade e de paciência. Ainda há alguns que os tem em suas boas lembranças de colégios, mas lembram-se com ar de piedade e tristeza pelo tanto trabalho que tem dado no seu tempo a este profissional amigo e carinhoso.

 

 

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Há muitas falcatruas na educação. Há os que ensinam por amor a profissão, mas há aqueles que ensinam por bicos. Na verdade, o significado de ser professor, hoje em dia, ostenta uma imagem denegrida desse profissional, por já termos uma idéia formulada da profissão ser bico ou aquele que se  apega a ela é porque não tem mais o que fazer ou ainda, não sabe fazer outra coisa. Quem interpreta a educação por este prisma está deixando-se levar pelo desleixo de desvalorizar o que poderia ser valorizado. A falta de motivação para continuar no magistério é um dos problemas que está afetando demais alguns profissionais por conta do rótulo que se criou da imagem de professor.

 

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Antigamente, ser professor era uma profissão mais voalorizada que existia. Os pais criavam seus filhos para se tornarem professores e muitos destes filhos recebiam formação fora do seu país. Para as moças de família, antes de se casarem, primeiro vinha os estudos. Era orgulho para os pais verem seus filhos com os anelões de formatura nos dedos. Era uma satisfação social de muito glamour. Hoje em dia, quem é o pai que aconselha seu filho a ser professor? Nenhum. Até mesmo pais professores não aconselham seus filhos para serem professores porque já sabem o que vão passar.

 

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É frustante e traumatizante falar da vida de um professor. Não tem tempo pra nada. Adoece da voz, ganha problemas de vasculação sanguinea por viver mais em pé que sentado, apanha ônibus cedo da manhã para chegar cedo na escola, não tempo tempo de ir a médico, não pode adoecer, atestado médico apenas justifica falta, mas não paga o dia de trabalho, tem que elaborar aula, corrigir tarefas e provas, passar o final-de-semana atualizando os diários de classe, não agrada a todos os alunos, se fala muito, é tagarela, se fala pouco, é lesada, não tem moral, chega atrasada, se for mulher, para os lunos homens, é atraente e gostosa (jovem), se for homem, para os mesmos alunos, é um boiola, é um pau-no-cú, como eles mesmos pornograficamente o chama, o professor nunca tem razão numa discussão com alunos, a direçãos empre vai ter mais moral que o professor, o aluno não o respeita e nem o obedece, quem manda na escola é os alunos e o dinheiro que os filhinhos de papai pagam quando a escola é em rede privada, se o professor cumpre com sua carga horária de aula, os alunos o chamam de caxias, se não a cumpre, este é o melhor professor, bom mesmo é quando ele falta, comenta-se até que ele deveria adoecer e não vir mais, na sala dos professores, é um inferno: o toque da bendita campainha, avisando-os que já tá na hora de ir pra sala, irradia uma aceleração no sistema nervoso, imagina quando se tem turmas de indisciplinados, estes últimos, teria que tomar um semancol se tivesse uma direção pulso forte, mas às vezes, a direção faz corpo mole para o aluno e é rígida com os professores, ainda na secretaria, há colegas que ao invés de partilhar seus espinhos uns com os outros, buscam a total destruição dos colegas, fazendo galhofas deles, criticando, dedurando, e olhando com desdém os companheiros da mesma via sacra.

 

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Educar, não é o mesmo que criar família. A família tem suas obrigações nos lares para com seus filhos, contudo a escola se extende até ela. O que ocorre é que os pais fazem os filhos, botam no mundo e não os criam, dão para as babás criarem. Da forma como os filhos vêem a frivolidade dos pais, resta-lhes desabafar suas revoltas na sala de aula. Muitas vezes, a rebeldia de um aluno malcriado transforma-se em um homicídio dentro da sala-de-aula. Há alunos que são violentos e além de não respeitarem professores, também não respeitam seus amigos e daí, geram brigas e conflitos que culminam em desordem do psicológico. Fora isso, sem contar que muitos usam drogas e tem vidas plenas de liberdade, usam linguagens pornográficas, gritam com professores, fazem briga e intriga na escola por qualquer coisa, e como conclusão, entende-se que falta a educação chegar até às famílias.  Ela não chegará até às famílias sozinha não, alguém deve ser agente dessa ação e quem poderia fazer isso? Os criadores  de projetos da educação, claro. Tudo vai e volta para o mesmo sentido e a mesma explicação: tudo se resume na criação d e um governo que tenha a consciência de estabelecer e executar ações em direção às metas que queremos atingir. Não adianta falar de ENEM, SPAECE e outros babados relacionados com a educação só para camiflá-la. Sabemos que o governo quer mostrar índices, no entanto, a valorização do profissional fica às margens, apenas nas promessas.

 

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Depois de todo esse desabafo, como é que se pode comemorar o dia do professor, se o que se tem nos olhos são lágrimas para chorar por noites mal dormidas, pelo dinheiro que mal deu para pagar as contas, pelos pés que estão inchados, pela voz que está rouca, pelo cansaço do corpo aquebrantado, pela cabeça que dói.

Senhor governador e ilustres famílias brasileiras, vocês precisam ler mais. Lendo, a gente sabe que só na grande São Paulo um pedreiro está tirando em torno de 2.500 reais por mês, que uma babá está sacando 4.500 reais por mês.

 

Voz

 

 

Falemos de nossos salários: não dá nem pra  fazer a feira do mês. Não sei se devo sorrir ou continuar chorando por lembrar que a minha profissão é tão árdua que já me imaginei, trabalhando para o TRE em três turnos para poder folgar no trabalho.

Quando se ama o que faz, aceita-se com humildade os espinhos da profissão, contudo a tristeza dói no final-do-mês: dinheiro escasso demais, o extrato vem descontando INSS e outros, finalizando em quase nada.

 

 

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Os direitos humanos reunem uma carta régia que traz em seu bojo a conscientização da dignidade de um cidadão pleno de realização, não lhe faltando suas necessidades básicas, casa para morar, saúde, educação e lazer. Este último não podemos ter. Temos que trabalhar até às vésperas do Natal e Ano NOVO. Se tirarmos uma folguinha é para curar as doenças resultantes do trabalho escravo. Esta folguina é sempre proveniente de um feriadão quando ocorre. Mas o que se interroga é “cadê o dinheiro para curtir lazer?” O professor fica contando nos dedos para que chegue um feriadão para poder levar os diários de classes para casa e as provas para correção. Duro é ainda pensar que ele não tem oportunidade para continuar estudando para melhorar sua formação. Além de tempo, há a falta do dinheiro. De todo jeito, é uma tristeza celebrar o dia do professor, pois não há motivos para alegrias, apenas para as tristeza.

Tá achando ruim ser professor? Pois vá ser outro profissional qualquer. Você não é obrigado a ser professor. Há ocupações que você faz pouco e ganha muito. Claro que isso pode ser fala do governador. Isso não serve de remédio para sustentar um argumento tão fraco das autoridades da educação.

 

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No município de Horizonte, o sindicato dos trabalhadores abriu uma assembléia com os servidores da educação para votarem nas duas propostas: uma era a festa dos ervidor e a outra a construção do auditório do sindicato. Tínhamo que escolher porque o dinheiro em caixa não dá para a execução dos dois projetos ao mesmo tempo. Ninguém levandtou a mão para votar na escolha da festa dos ervidor. Todos levantaram a mão para a construção do auditório. O que entendi dessa cena ridícula é que os professores não se dão o valor que lhes pertence e que é de direito. Notei também, que eles foram manipulados verbalmente com a desculpa de que o auditório iria nos ervir no futuro para acolher um número maior de servidores nas palestras. Vejam bem, caros leitores desse blog, as palestras entre o sindicato e os professores ocorreme sporadicamente nomunicípio. Senti então que como era do interesse deles, instigaram os ervidores para acatarem com a escolha da construção do prédio. Dá vontade de rir. No mesmo tempo em que vi esta cena, abandonei de imediato o receinto desta reunião (auditório da prefeitura). Vi o quanto é fácil enganar os professores. VI o quanto é fácil dizer pra ele que tudo anda bem. Pimenta nos olhos dos outros é refresco. Mande um membro do sindicato entrar em sala de aula pra ver os desafios.

 

 

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Enfim, vamos comemorar o dia do professor, mas o dia que já foi vivido há muito tempo atrás. O professor de outrora era valorizado e respeitado. Os pais e alunos o tinham como uma referência, uma autarquia. Este, sim, merece os aplausos, este, sim, tinha lazer, tinha carro novo do ano, tinha família no exterior e viajava para o exterior também, este, sim, ocupava um espaço na sociedade nas melhores páginas dos jornais, este, sim, estava em primeiro lugar na vida do aluno, este, sim, tinha moral, este, sim, fazia educação valer, este, sim, trabalhava com amor, resguardando seus domingos e feriados para ir à igreja com a família e não corrigir provas, este, sim, não vivia remoendo, em sala-de-aula para seus alunos o salário que recebia, este, sim, castigava alunos e não era castigado por eles, este, sim, tinha seu reconhecimento e sua dignidade humana pelas famílias e pelos governantes da sua época.

 

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O que mudou tanto? Por que não temos mais uma educação moldada nestes princípios? Porque certamente descuidaram dela, a trataram com desdém, deram prioridades a outros projetos, por sinal, insignificantes. Converteu-se a educação em objeto de terceira qualidade. Outros eventos foram tomando forma e substituindo-a. A tecnologia está aí para substituir o professor (dizem os fofoqueiros). E isso é verdade. Queira Deus que um dia o homem não queira converter Deus em Satanás. De tudo o homem sabe inventar, menos recriar suas mentes, resgatar culturas e valores sociais. Façamos votos que um dia o país se vista em trajes de país desenvolvido, sobressaíndo-se na educação.

Pode-se parabenizar o professor do futuro quando isso ocorrer. Quando…? Quando as galinhas criarem dentes…..KKKKKKK

2 comentários:

  1. caramba, o texto é muito rico

    adorei, eu sinto essa realidade e sinto que cada vez mais é difícil melhorar

    parabéns, estou seguindo seu blog
    incrível :D

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  2. Eu sou professora e não me sinto totalmente enquadrada nessa situação, nossas condições de trabalho não são as melhores mas devemos concordar que há muitos professores preguiçosos, acomodados e incompetentes que usam desculpas para se justificar, não acredito que seja seu caso, porém continuamente vejo isso nas escolas que trabalho e tais comportamentos se espalham como vírus, muitas das vezes influenciando negativamente o trabalho daqueles que querem ser diferenciados.

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